Título: Aerolula quebra e Lula volta no Sucatinha
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 18/03/2009, O País, p. 8

No pouso em Brasília, avião reserva também enfrenta problemas e tem de frear sem os flaps

BRASÍLIA. Os dois aviões usados pela comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem aos Estados Unidos tiveram problemas no retorno ao Brasil. O avião principal, o Airbus apelidado de Aerolula, nem decolou do aeroporto internacional JFK, de Nova York, porque a porta empenou quando a escada de embarque estava sendo retirada. O presidente e a comitiva tiveram de passar, então, para o avião reserva, o Boeing 737 chamado de Sucatinha. No processo de aterrissagem em Brasília, os flaps do Sucatinha não funcionaram e o avião foi parado somente nos freios.

Os problemas nos aviões atrasaram em quatro horas a chegada de Lula a Brasília. A previsão inicial era que ele desembarcasse às 4h de ontem, mas Lula só chegou a Brasília às 8h da manhã.

Na noite de anteontem, Lula e a comitiva - integrada por ministros como Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guido Mantega (Fazenda) e assessores diretos - já estavam acomodados no Airbus, com decolagem autorizada pelo aeroporto, quando a porta foi danificada. O carro que aproxima a escada de embarque da porta estava alto demais, e a escada enganchou na porta. Quando o carro se afastou, a porta foi puxada junto e ficou empenada.

Por cerca de 30 minutos, os técnicos tentaram consertar a porta, com Lula a bordo, mas não obtiveram sucesso. O presidente e a comitiva foram transferidos para o Sucatinha, que, até então, traria os funcionários do chamado escalão avançado - grupo de servidores do Planalto que prepara as viagens presidenciais.

No meio do caminho, como o Sucatinha não tem autonomia de voo, teve de fazer uma parada estratégica, de uma hora, em Trinidad e Tobago, no Caribe, para reabastecimento. Na chegada a Brasília, mais um susto. Os flaps - equipamento nas asas acionado durante os pousos para ajudar a parar a aeronave - não funcionaram. O piloto teve de aterrissar usando só os freios. Quando a comitiva estava descendo do avião, o próprio presidente Lula chamou a atenção para os pneus, que começavam a esvaziar, por causa do aquecimento.

Os funcionários deixados em Nova York devem retornar hoje ou amanhã ao Brasil, em aviões de carreira, e o Aerolula deve ser consertado nos Estados Unidos. O Airbus foi comprado pelo presidente em 2004 para substituir um velho Boeing 707 apelidado de Sucatão, que já causava constrangimentos ao governo por ser um modelo proibido em diversos países, devido, principalmente, ao excesso de ruídos que fazia nas operações de pouso e decolagem.