Título: Repórter por um dia
Autor: Ordoñez, Ramona; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 19/03/2009, Economia, p. 19

Lula entrevista Gabrielli: "presidente-adjunto do sindicato dos jornalistas".

O presidente Lula foi ontem repórter por um dia. Durante entrevista coletiva, depois de visitar o terminal de regaseificação de GNL da Baía de Guanabara, Lula, bem-humorado, levou o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para o púlpito onde o executivo falaria sobre a obra. Lula interrompeu duas vezes a explicação de Gabrielli para fazer perguntas diante dos repórteres.

- Se tivesse um sindicalista do sindicato de jornalistas... Não tem, então vou assumir aqui o papel de presidente-adjunto do sindicato dos jornalistas - disse Lula, no começo da entrevista.

Em seguida, fez as perguntas:

- Quanto custou essa obra?

- Explica como funciona o terminal - pediu Lula, que minutos antes, dentro do navio-plataforma, também fizera, em um microfone, perguntas sobre o funcionamento da unidade.

Pedindo licença para falar também sobre o terminal de regaseificação, o presidente brincou, interrompendo as perguntas dos repórteres:

- Peraí, gente. Só ele faz discurso, e eu não faço?

Durante a visita ao terminal e ao navio (onde fica o gás liquefeito), aos quais os jornalistas não tiveram acesso, Lula pedia que os executivos da Petrobras falassem sempre ao microfone "para os jornalistas escutarem" via transmissão ao vivo.

No fim da entrevista de Gabrielli, Lula afirmou que o terminal e os investimentos em torres de transmissão são garantias de que o Brasil não terá mais apagão:

- Há um tempo atrás, algumas pessoas ligadas ao apagão de 2001 viviam todo dia dando matéria para os jornais: vai faltar energia elétrica, vai ter apagão. Essas pessoas ou vão ter que fechar as portas de suas ONGs ou terão que ser mais realistas com relação ao que está acontecendo verdadeiramente no Brasil.

No terminal, diante de um microfone em que falou para os técnicos presentes à visita, Lula afirmou que, a princípio, não viria ao Rio fazer a visitação.

- Eu não ia vir aqui, era para ter vindo ontem, mas como eu cheguei de Nova York, eu falei para a Graça (Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras): marque que eu vou, porque isso aqui é uma marca da nossa geração de governo. (Maiá Menezes e Ramona Ordoñez)

GASOLINA BRASILEIRA, PREÇO DE PRIMEIRO MUNDO, na página 20