Título: Tião evita ataques, e Ideli deve ganhar vaga de líder
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 20/03/2009, O País, p. 3

Planalto opera para evitar briga PT-PMDB; senador não revela conta do celular.

BRASÍLIA. A operação comandada pelo Planalto para impedir que a mais nova disputa entre PT e PMDB no Senado se transforme numa guerra na base governista parece ter dado certo. Tião Viana (PT-AC) - que, na véspera, ameaçara revidar, com ataques ao presidente José Sarney (PMDB-AP), pelo vazamento da informação de que emprestara um celular do Senado para sua filha viajar ao México - foi à tribuna ontem, mas preferiu se defender, sem ataques. E novamente se recusou a revelar o valor da fatura do telefone usado pela filha, cuja conta pagara na véspera. Preferiu apresentar os extratos de despesas médicas e odontológicas dos últimos dez anos, para negar que esses gastos teriam chegado à marca dos R$500 mil:

- Não vou cair na provocação das acusações anônimas, dos denunciantes anônimos, para fazer disso, pelo menos neste momento, uma guerra fratricida dentro da Casa.

O discurso ameno já era fruto de um jantar, quarta-feira, que teve como mediador o ministro José Múcio (Relações Institucionais), e no qual PT e PMDB acertaram uma trégua.

- Chegamos à conclusão de que precisamos novamente colocar a base em sintonia no Senado. Só teremos condições de fazer isso se todos hipotecarmos nosso apoio às medidas moralizadoras que estão sendo adotadas pelo presidente Sarney - resumiu a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

Para ampliar os canais de comunicação com o PT, o PMDB decidiu ceder a Ideli a vaga ocupada por Roseana Sarney (PMDB-MA) na liderança do governo no Congresso. Setores do PMDB preferem Ideli ao atual líder da bancada, Aloizio Mercadante (SP), como interlocutor.

- Isso não foi tratado no jantar, até porque esse cargo não está vago e pertence ao presidente Lula - desconversou Ideli.

Ao prestar contas, sem computar os extratos com os gastos de sua mulher e filhos, Viana disse que gastou R$56.119,73 entre 1999 e 2004, sendo que 2007 foi o ano em que suas despesas foram mais altas (R$40.980), por causa de uma cirurgia feita para corrigir uma apnéia. Ele sugeriu que os colegas fizessem o mesmo. (A.V.)