Título: Aprovação continua muito alta, diz ministro
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Fonte: O Globo, 21/03/2009, O País, p. 4

EFEITOS DA MAROLINHA

Oposição afirma que governo subestimou efeitos da crise

BRASÍLIA e FLORIANÓPOLIS. As pesquisas divulgadas ontem que mostram queda nos índices de aprovação do governo Lula já eram esperadas pelo Palácio do Planalto, segundo governistas. A estratégia, agora, é usar a capacidade de comunicação do presidente para tentar diminuir o potencial de desgaste diante da crise. A percepção é que uma duração prolongada da crise pode afetar politicamente e eleitoralmente o governo.

- A avaliação do governo continua muito alta diante do problema atual. Isso porque as pessoas têm consciência de que a crise não foi gerada no país. Mas é claro que existe preocupação da população diante desse quadro de turbulência internacional - afirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.

Petistas evitaram dar muita importância aos números.

- A queda foi insignificante. Se for feita uma comparação com o mesmo período do governo Fernando Henrique, vamos ver que o governo Lula está numa situação muito confortável. O fato importante é que, apesar da crise, a aprovação do governo é alta. Pode até cair mais um pouco nas próximas pesquisas. Mas a popularidade continuará elevada - disse o líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP).

Para o líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES), são naturais os reflexos políticos na turbulência econômica:

- O que era anormal, até então, era o crescimento da popularidade de Lula. O tamanho e a duração da crise serão variáveis importantes para saber como fica a força política do governo.

Para a oposição, o governo subestimou a crise.

- A questão da marolinha ficou simbólica, e é apenas o início da queda da popularidade do Lula pela sua irresponsabilidade de avaliar que a crise não chegaria ao Brasil - disse o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ).

- Ninguém é verdadeiramente blindado, e os fatos começam a vencer a conversa. Enquanto ele pôde segurar na garganta, segurou. Agora, não dá mais. Há uma tendência de cair, nada espetacular, mas uma queda progressiva - afirmou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).

O líder tucano na Câmara, José Anibal (SP), reforça:

- Este é um governo que transformou a bonança em gastança. Teria que ter poupado quando não havia crise. Lula falou em marolinha, e as pessoas estão perdendo o emprego.

- O governo tratou com desdém a crise - disse o líder do DEM, Agripino Maia (RN).

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que aparece em primeiro lugar no Datafolha sobre as eleições presidenciais de 2010, disse considerar estimulante o resultado da pesquisa, mas reiterou preocupação com a crise econômica.

- Sempre é bom termos o reconhecimento nacional e, nesse sentido, a pesquisa é estimulante - disse ontem, em Florianópolis, alertando, porém para os efeitos da crise. - A crise é minha preocupação central neste momento. Não é com a eleição do ano que vem. É trabalhar hoje para amenizar os problemas de crise econômica, que se reflete diretamente no emprego e renda das famílias.