Título: Redução dos preços da gasolina só após a Petrobras recuperar perdas
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 21/03/2009, Economia, p. 33

Para diretor, mudanças dependem da estabilização do petróleo e do câmbio.

A Petrobras somente vai analisar a possibilidade de reduzir os preços da gasolina e do óleo diesel vendido por suas refinarias - que estão mais caros que no mercado internacional - após recuperar as perdas que acumulou no ano passado por não ter repassado, na ocasião, a forte alta das cotações do petróleo no mercado externo, que atingiu US$145 o barril. A informação foi dada ontem pelo diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que, apesar de não revelar os valores, admitiu que houve perda de receita, que os preços de gasolina e do diesel estão defasados e que uma redução, neste momento, teria reflexos negativos nos seus investimentos e em sua contribuição para o superávit primário do governo, conforme o GLOBO publicou na quarta e quinta-feira.

- Realmente, no ano passado tivemos perdas e estamos, neste momento, em fase de recuperação. Não sei quando acabará essa recuperação, isso vai depender do dólar e da variação do preço do petróleo - afirmou Costa.

Trabalhadores começarão greve de 5 dias segunda-feira

O diretor se mostrou bastante irritado durante a entrevista que concedeu para explicar por que a Petrobras não reduz os preços da gasolina e do diesel, apesar da queda da cotação do petróleo no mercado externo.

Costa admitiu, contudo, concordar com as conclusões feitas pelo GLOBO na edição de quarta-feira, apesar de não revelar os valores dos prejuízos da estatal nem os percentuais da defasagem. O diretor voltou a dizer que a política de preços da Petrobras para a gasolina e o diesel é de longo prazo. A companhia não repassa a volatilidade dos preços internacionais a curto prazo.

O diretor deixou claro que a Petrobras só tomará qualquer decisão a respeito de uma possível redução de preços quando recuperar a receita perdida em 2008. E se, além disso, constatar estabilidade nos preços do petróleo e no câmbio. Ele destacou contudo, não saber o tempo que a estatal levará para recuperar suas perdas e avaliar a redução dos preços:

- Pode ser daqui a um mês, mais na frente ou não. Mas esperamos que o preços do petróleo se estabilizem na faixa de US$70 a US$80 o barril.

Sobre o ato de a gasolina brasileira vendida nos postos estar entre as mais caras do mundo, Costa destacou que a parcela da Petrobras é bem pequena em relação aos preços de venda. Segundo ele, a companhia vende a gasolina em suas refinarias a R$1,10 por litro e o diesel, a R$1,33. Mesmo que reduza seus preços, não há garantias que isso será repassado aos consumidores.

- Na média de 2008, a gasolina e o diesel vendidos pela Petrobras estão alinhados com os preços em outros países, não estão discrepantes. Se o preço na bomba é maior é por causa de fatores sobre os quais não temos domínio, como tributos e margem de distribuição - afirmou.

Os trabalhadores da Petrobras devem iniciar uma greve de cinco dias a partir de segunda-feira, dia 23. A categoria alega que, em nome da crise, a Petrobras está cortando e flexibilizando uma série de direitos, principalmente em relação ao pagamento da Participação do Lucro e Resultados (PLR) relativa a 2008.

Costa afirmou que a estatal amontou um plano de contingência para garantir a produção nas plataformas e refinarias, garantindo o abastecimento de combustível.