Título: Instituto volta a desqualificar estudo
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 23/03/2009, O País, p. 4

Diretor do Incra diz que denúncia é superficial e cita "ações criminosas"

BRASÍLIA. O Incra, que criticara o primeiro levantamento, voltou a desqualificar os novos dados do Ibama. Para o diretor de Obtenção de Terras, Celso Lisboa de Lacerda, o trabalho é superficial. A principal crítica é que o Ibama não teria verificado o que é desmatamento legal e o que é ilegal nos assentamentos.

Segundo ele, os problemas estão no Arco do Desmatamento, onde unidades de conservação sofrem com a ação de criminosos. Lacerda cita os entornos de Marabá (PA), Santarém (PA) e o norte do Mato Grosso como áreas mais vulneráveis à ação do crime ambiental.

- Com certeza absoluta, houve desmatamentos legais, autorizados pelo Ibama e o órgão ambiental do estado. Não pode ter autuação numa coisa autorizada. A gente não vai conseguir achar nunca todas essas autorizações, até porque muitas pessoas que as receberam já não estão mais lá - reclamou. - O Chico Mendes (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) tem de mostrar o desmatamento dele.

Outro problema, disse, é que na região os grileiros se apossam dos assentamentos e praticam irregularidades.

- Grileiros começam a tomar conta das terras para desmatar, explorar madeira ilegalmente e plantar pasto para criar gado - afirmou. Para Lacerda, o governo terá que decidir o que quer nessa região da Amazônia: expandir a fronteira agrícola ou preservar a floresta.

- Temos que retomar essas áreas e redistribuir para as pessoas da região que têm cultura preservacionista.

O Incra tem 2.530 assentamentos na Amazônia Legal, ocupando área de cerca de 59 milhões de hectares e abrigando meio milhão de famílias. Do total, 314 assentamentos são projetos que levam a questão ambiental em conta. São cinco Projetos de Assentamento Florestal (PAF), 223 Projetos de Assentamento Extrativista (PAEs) e 86 Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS). Lacerda diz que desde 2008 o Incra começou a monitorar o desmatamento nos assentamentos. (C.A.)