Título: Afagos a Campos e críticas a Jarbas
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 24/03/2009, O País, p. 4

Lula sugere reeleição ao governador de PE e ataca o senador do PMDB.

RECIFE. O presidente Lula aproveitou a visita a Pernambuco para reforçar a imagem do governador Eduardo Campos (PSB), seu aliado, que deverá disputar a reeleição tendo um adversário de peso pela frente, o senador e ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos mais duros críticos do governo federal. Lula disse que Campos é um nome que qualquer candidato sonharia ter como vice, mas ressaltou que ele está fazendo uma obra importante em Pernambuco e que precisa de mais um mandato para concluí-la. Afirmou que o governador é um companheiro de primeira grandeza e destacou sua "lealdade excepcional".

Em entrevista à rádio Jornal do Commercio, Lula criticou Jarbas e afirmou que o senador tem atacado o Bolsa Família. Segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem, ele teria hoje 34% das intenções de voto para governador, empate técnico com Campos, que teria 40%.

- Não entendo por que o senador Jarbas Vasconcelos tem agredido tanto o governo. Aliás, tem agredido o Bolsa Família, dito que é esmola. Não consigo entender. Sempre tive relação boa com ele. Mas aqui no estado tenho um lado, e meu lado é Eduardo Campos - disse Lula.

Presidente diz que, quando deixar o poder, vai falar pouco

À tarde, Lula voltou a atacar. Disse que não tem medo de "cara feia" e acusou o senador de ter vendido empresas públicas a fim de fazer caixa para governar Pernambuco, apesar de ter um aliado na Presidência à época.

- O governo Jarbas recebeu no segundo mandato dele mais dinheiro do governo federal do que recebeu no primeiro mandato, quando Fernando Henrique era presidente e aliado dele. Quando alguém é sério e assume a Presidência, não se pode tratar as pessoas partidariamente.

Apesar de lembrado para disputar o Senado por Pernambuco - ontem foi a terceira visita ao estado em 2009 -, Lula disse que não pretende concorrer após deixar a Presidência. Ele afirmou que não gostou da experiência na Câmara (foi deputado federal entre 1987-1991) nem está satisfeito com o que tem observado no Senado. Disse ainda que, fora do poder, quer servir de exemplo, falando pouco e deixando o sucessor livre para trabalhar - alusão ao antecessor Fernando Henrique Cardoso, que não lhe poupa críticas.