Título: Edmar recebia, irregularmente, verba indenizatória em dinheiro
Autor: Braga, Isabel; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 25/03/2009, O País, p. 4

Segundo a norma da Casa, depósito deveria ser feito em contra bancária.

BRASÍLIA. O deputado Edmar Moreira (sem-partido-MG), o dono do castelo de 36 suítes, recebia os R$15 mil da verba indenizatória em dinheiro e não em conta bancária, contrariando a norma da Câmara. Portaria de 2003, que regulamenta o uso da verba, diz que o dinheiro do ressarcimento é pago em conta bancária específica para esta finalidade, que não é a mesma em que os deputados recebem os seus salários. O deputado recebia, porém, a verba e o subsídio por ordem bancária.

Edmar é investigado pelo uso irregular desses recursos no pagamento a serviços de empresas de sua propriedade. A maior parte do dinheiro ia para a empresa Ronda, de sua propriedade, que, como o parlamentar, também estava com as contas bloqueadas. O pagamento com recursos públicos (a verba) a uma empresa com problemas em suas contas será o foco do relatório da Comissão de Sindicância da Corregedoria, que investiga Edmar.

Foi o próprio deputado quem revelou à comissão a forma como recebia a verba e pagava pelos serviços de segurança à Ronda e à Itatiaia, empresa que hoje não é mais dele. Quando estourou o escândalo que tirou o deputado da Corregedoria, descobriu-se que ele já recebia, desde a gestão Aldo Rebelo (PCdoB-SP), os subsídios parlamentares em dinheiro. Edmar fez o pedido, assim como outros três deputados, e ganhou o direito, mantido na gestão de Arlindo Chinaglia (PT-SP) e só suspenso por Michel Temer (PMDB-SP).

Edmar entregou ontem à Corregedoria novos documentos em sua defesa, o que poderá adiar a apresentação do relatório da Comissão de Sindicância, previsto para hoje.

PMDB exclui deputado do Conselho de Ética

Relator do processo que recomendou a cassação do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), ano passado, Paulo Piau (PMDB-MG) foi excluído por seu partido da nova composição do Conselho de Ética. Ele sequer foi escolhido para a suplência do colegiado. O partido, porém, manteve Wladimir Costa (PA), que já declarou que nunca votará a favor da cassação de qualquer colega - ele foi contra a perda de mandato do deputado da Força Sindical.

Piau desejava continuar no Conselho e chegou a elaborar um projeto sobre os princípios éticos na política, e até conversou sobre o assunto com Temer.