Título: Aureliano pediu a Lula ajuda contra greve
Autor: Franco, Bernardo Mello; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 25/03/2009, O País, p. 10

Pela ata, então presidente do PT prometeu interferir junto a petroleiros.

BRASÍLIA. Nas cerca de 3,5 mil páginas de documentos sobre as reuniões do Conselho de Segurança Nacional, o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece uma única vez. E já no período de redemocratização, no governo José Sarney. Em 16 de novembro de 1988, Lula foi criticado pelo então ministro das Minas e Energia, Aureliano Chaves. Na presença de 24 conselheiros, entre ministros e parlamentares, Aureliano disse que ligou naquele dia para Lula, então presidente do PT, e pediu que ele interviesse para pôr fim à greve dos petroleiros. O ministro pediu a ele que controlasse a CUT.

"Hoje tive uma conversa, me telefonou o senhor presidente do PT, o Lula. Eu fiz ver a ele o seguinte: esse ato dos petroleiros é um ato insensato e lamento que essa insensatez esteja sendo condimentada pelo sindicato da CUT, sobre os quais você tem ascendência (sic)", afirma Aureliano.

O ministro diz a Lula esperar que ele não contribua para que o país acabe "perturbando-se na sua caminhada democrática". Pede que ele interceda pelo fim da greve e diz que o petista saiu vitorioso da eleição daquele ano, numa referência à vitória de Luiza Erundina, então do PT, para a Prefeitura de São Paulo.

"Espero que você dê a sua contribuição e chame seus líderes sindicais que são membros da CUT, que são predominantes no chamado comando da greve, no sentido de que eles, antes de qualquer coisa, retornem ao trabalho dando uma demonstração de que, no momento em que um país emerge de uma eleição municipal na direção do fortalecimento da sua vida democrática, os senhores estão dando uma contribuição negativa", afirma Aureliano, segundo a ata do conselho.

O ministro conta que Lula prometeu tomar providências. "É totalmente inadmissível essa insensatez condimentada pelos senhores políticos do PT". Nos documentos, não constam atas de reuniões entre o fim do governo de João Figueiredo e o início da gestão de José Sarney. Foi nesse período que Lula despontou como líder do movimento sindical no ABC.