Título: Ex-réu, Paulinho entra e sai do Conselho de Ética
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 26/03/2009, O País, p. 5

Deputado que absolveu mensaleiros é eleito presidente do colegiado e propõe penas alternativas para quebra de decoro.

BRASÍLIA. Pelo menos por algumas horas, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) compôs ontem o Conselho de Ética da Câmara. Paulinho da Força Sindical, como é mais conhecido, foi absolvido pelo próprio Conselho no final de 2008 num processo por quebra de decoro parlamentar. Seu nome foi indicado de manhã para o colegiado pelo bloco do PDT e chegou a constar na relação oficial dos integrantes do Conselho, como suplente. Mas, depois que sua indicação foi divulgada no site do GLOBO, o líder do PDT, Brizola Neto (RJ), decidiu excluí-lo do órgão horas depois.

- Foi um equívoco. Conversei com o Paulinho e disse que sua presença no Conselho iria suscitar novas polêmicas. Ele me disse que não tinha interesse na indicação, e corrigimos o erro - disse Brizola Neto, que o substituiu no Conselho.

A assessoria da liderança do bloco, formado também por PSB, PCdoB e PMN, informou que o ofício com o nome de Paulinho foi enviado à Presidência da Câmara, anteontem, por equívoco: em vez de Conselho de Ética, a indicação era para a Comissão de Trabalho e Administração. Também por intermédio de assessores, Paulinho informou que não tem interesse em ir para o Conselho e que sabe a polêmica que causaria.

- Foi um erro do partido. O deputado atua na área trabalhista - disse um assessor.

O deputado José Carlos Araújo (PR-BA) foi eleito ontem, por 12 votos a 1, o novo presidente do Conselho. Ele anunciou que vai propor à Mesa da Câmara a adoção de penas alternativas para parlamentares acusados de quebra de decoro. No Conselho, o parlamentar ou vota pela cassação ou pela absolvição. Não há opção intermediária.

- Tem muita gente cassada que merecia uma punição. Como houve casos de absolvição, mas que o deputado poderia ter sido punido com suspensão ou advertência - disse Araújo.

Se aceito pela Mesa, o Conselho de Ética poderá decidir por suspensão por até três meses do mandato do acusado, advertência ou exclusão de comissões, segundo a proposta. Araújo votou contra a cassação de quatro colegas acusados de envolvimento no mensalão: Pedro Corrêa (PP-PE), João Magno (PT-MG), Pedro Henry (PP-MT) e Wanderval Santos (PR-SP).