Título: Ações de siderúrgicas sobem após o pacote
Autor: Beck, Martha; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 26/03/2009, Economia, p. 23

Construtoras já perderam mais de R$16 bilhões de valor de mercado desde estreias.

RIO e SÃO PAULO. No mercado financeiro, as ações que mais sentiram os efeitos do pacote habitacional do governo foram as das empresas de siderurgia. Os papéis da Gerdau e da Usiminas tiveram as maiores altas ontem entre os que compõem o Índice Bovespa (Ibovespa): subiram 5,11% e 4,29%, respectivamente. Só perderam para os da Redecard, que subiram 7,74%. Na terça-feira, saiu o preço para a oferta pública das ações da administradora que o Citi possui e está vendendo: R$24,50, acima da expectativa de investidores.

A maior parte dos papéis das construtoras fechou o dia em queda. Das 24 empresas com ações mais negociadas, 13 tiveram perdas em seus papéis, entre elas Rossi, Gafisa e Cyrela. As ações da MRV e da Tenda, com foco na baixa renda, subiram 1,06% e 0,56%, respectivamente. Já as da PDG Realty, com mesmo público, caíram 1,05%. Segundo analistas, o dia foi de embolsar os lucros com ações do setor, que subiram antes, já à espera do pacote.

- As ações das construtoras chegaram a subir 30% no mês - disse o analista de investimentos Pedro Galdi, da corretora SLW.

O Ibovespa subiu 0,78% no dia, para 41.799 pontos e o dólar encerrou o dia em alta leve, de 0,27%, a R$2,249.

Desde a explosão das ofertas públicas de ações de empresas da construção civil - iniciada em 2005 e interrompida em 2007 -, essas companhias perderam R$16,546 bilhões em valor de mercado. Esse montante considera o quanto valiam nas estreias cada uma das 20 novas companhias na Bolsa e quanto valem hoje. Ou seja, perderam mais da metade dos R$30,825 bilhões que valiam, somadas, em suas aberturas de capital. Em média, as ações caíram 67,85% desde o início das negociações. Mas há papéis que perderam mais de 80%, caso de Abyara, Brascan, Camargo Corrêa, CR2, Agra, Klabin Segall, InPar e Tenda.

Novo limite do FGTS pode ter impacto maior nas ações

Para o chefe de análise da Modal Asset, Eduardo Roche, pode ter um impacto maior no setor a medida a ser anunciada hoje, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de elevar o teto do uso do FGTS para a casa própria, de R$350 mil para R$500 mil.

Depois da divulgação dos detalhes do pacote habitacional, o Banco do Brasil (BB) informou que vai passar por um processo de ajuste interno para atender os financiamentos com dinheiro do FGTS. O Santander afirmou que todas as medidas que contribuam para reduzir o déficit habitacional do país são bem-vindas. "O Santander apoia iniciativas que facilitem o acesso da população à casa própria em todos os países em que atua", afirmou em nota José Roberto Machado, diretor executivo de Crédito Imobiliário.