Título: IBGE: desemprego sobe para 8,5% em fevereiro, abaixo das projeções
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 27/03/2009, Economia, p. 22

Taxa foi a menor da série histórica para o mês e surpreendeu analistas

Depois de um tombo recorde em janeiro, o mercado de trabalho surpreendeu em fevereiro. A taxa de desemprego apresentou ligeira alta de 8,2% em janeiro para 8,5% no mês passado, na média das seis regiões metropolitanas acompanhadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. O resultado ficou abaixo das previsões médias do mercado, de um avanço para 9%. Apesar da elevação, a taxa foi a menor para um mês de fevereiro desde o início da série histórica do IBGE, de 2002. Em fevereiro de 2008, ela estava em 8,7%. Segundo o IBGE, o total de desempregados cresceu em 51 mil pessoas (alta de 2,7%) em fevereiro frente a janeiro, para 1,9 milhão. Na comparação a igual mês de 2008, o estoque de desempregados caiu em 29 mil pessoas (recuo de 1,5%).

¿ Sempre acontece uma alta do desemprego de janeiro para fevereiro. Só que desta vez esse aumento foi menor que dos anos anteriores ¿ avaliou Cimar Azeredo, gerente da PME. Dos sete setores acompanhados pela pesquisa, seis ficaram estáveis. A exceção foi a indústria. Em fevereiro, o setor cortou 117 mil postos de trabalho frente a janeiro, recuo de 3,2%. A atividade puxou ainda a queda de 1% na população ocupada em fevereiro no país, que encolheu em 211 mil pessoas ante janeiro. As demissões afetaram também o número de empregados com carteira, que recuou em 109 mil, uma queda 1,1% ante janeiro.

¿ As quedas foram puxadas por Porto Alegre, que teve queda 6,3% na população ocupada na indústria. Foram menos 25 mil postos de trabalho. Nas outras regiões, o cenário também não foi favorável, mas Porto Alegre salta aos olho ¿ disse. Outra região com redução expressiva foi São Paulo, com baixa de 1,4% na população ocupada (perda de 26 mil postos). Para Azeredo, essa queda não seria suficiente, no entanto, para ¿desarrumar¿ o cenário de avanço da carteira assinada no país.

Ipea: desemprego pode crescer nos próximos meses

Já o rendimento médio real do trabalhador ficou ¿estatisticamente estável¿. Em fevereiro, a renda real foi de R$ 1.321,30, queda de 0,1% ante janeiro. Ante fevereiro de 2008, houve recuperação do poder de compra do trabalhador: alta de 4,6%. Especialista em mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Lauro Ramos afirma que o emprego não foi fortemente impactado pela crise, mas há sinais de desaquecimento. Ele cita a desaceleração da população ocupada, que recuou na comparação mensal de 3% em dezembro para 1,9% em janeiro. Em fevereiro, registrou 1,4%.

¿ O mercado está perdendo o ritmo, o fôlego. A grande questão é se haverá ajuste no comércio e serviço.