Título: Clarín denuncia interferências em satélite e suspensão de transmissões
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 27/03/2009, O Mundo, p. 30

Problema afetou apenas empresas do grupo e foi interpretado como intencional BUENOS AIRES. Uma semana depois de a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ter apresentado um projeto de Serviços de Comunicação Audiovisual, que será enviado ao Congresso para substituir a atual Lei de Radiodifusão (aprovada pela ditadura), a empresa de conteúdos audiovisuais do grupo Clarín, a Artear, denunciou ¿interferências intencionais¿ em seu satélite que provocaram a suspensão temporária de suas transmissões de rádio e TV no interior da Argentina e outros países do continente. O Clarín é considerado um dos principais inimigos da Casa Rosada, e a aprovação do projeto kirchnerista representaria um duro golpe para grupo. O documento defendido pelo casal Kirchner prevê, por exemplo, a possibilidade de que empresas de serviços públicos (basicamente companhias telefônicas) possam ser fornecedoras de TV a cabo (mercado controlado pelo Clarín). Em meio ao debate sobre o polêmico projeto, a misteriosa interferência no satélite usado pela Artear foi interpretada por executivos do grupo como uma nova ameaça do governo Kirchner. A Artear, como muitas outras produtoras de conteúdos de rádio e TV sul-americanas, transmite seus programas através do satélite Intelsat, com sede em Washington, nos Estados Unidos. Nos últimos dias, a programação da empresa sofreu cortes temporários no interior do país e em outros países da região, incidente que está sendo investigado pela Intelsat, já que a interferência afetou apenas a Artear. Os demais usuários da Intelsat não foram atingidos.

Senador da oposição pedirá investigação no Congresso

O gerente técnico da empresa, Eduardo Bayo, explicou ao ¿Clarín¿, que a interferência só pode ter sido provocada por ¿outro teleporto (base de onde partem os conteúdos audiovisuais enviados ao satélite) importante e grande na América do Sul¿. Segundo ele, a empresa nunca antes sofreu ¿uma interferência desta magnitude¿. Ontem, nos corredores da Artear, representantes da empresa especulavam sobre uma participação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, importante aliado do casal K, na suposta operação de sabotagem. O senador opositor Juan Carlos Marino disse que pedirá a abertura de uma investigação no Congresso.

¿ Este caso aprofunda uma situação já complicada. Vamos pedir que seja investigado ¿ declarou Marino. De acordo com o senador, ¿a lei de radiodifusão tem a ver com a briga do governo e alguns meios de comunicação, e não com a democratização da imprensa¿. (J.F.)