Título: Lula: G-20 deve tomar decisão contra crise
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 30/03/2009, Economia, p. 15

Presidente cobra de chefes de estado soluções na próxima reunião do grupo, em Londres

BRASÍLIA. Em entrevista à rede americana CNN, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, em tom enfático, que a reunião do G-20 que acontecerá esta semana, em Londres, tome decisões políticas para encontrar uma solução para a crise internacional.

Ele afirmou que não é mais hora de colocar técnicos para discutir o problema.

Para Lula, essas decisões dependem fundamentalmente do governo americano e dos governos de países ricos. As declarações, feitas durante sua recente viagem aos Estados Unidos, foram ao ar ontem no programa GPS, do jornalista e escritor Fareed Zakaria.

O presidente disse que os principais líderes mundiais precisam ter uma postura de responsabilidade na reunião do G20. Citou nominalmente os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy, e os primeiros-ministros da Alemanha e da Inglaterra.

¿ Penso que, não apenas o presidente Obama, mas o presidente Sarkozy, a primeira-ministra Angela Merkel, e acho que o primeiro-ministro Gordon Brown, todos sem distinção, vão ter que chegar a Londres com um pouco mais de responsabilidade e com um pouco mais de compromisso. Ou seja, a hora é da política, a hora não é dos técnicos, e por isso eu estou convencido de que nós vamos encontrar uma saída ¿ disse.

Sobre Obama, afirmou: ¿ Acho que Deus me diz que o Obama vai fazer as coisas que tem que fazer.

O presidente fez esforço para demonstrar descontração em vários momentos da entrevista, realizada num hotel em Nova York. Lula garantiu que haverá crescimento no PIB brasileiro, apesar de não ser de 5%, como o governo chegou a prever.

¿ Não será o crescimento que queríamos. Nós estávamos prevendo um crescimento de mais de 5%. Mas também não prevíamos, e nenhum economista do mundo previa, que a crise tivesse o tamanho e a profundidade que está tendo, nos Estados Unidos, e até agora não sabemos se ela já chegou ao fim da crise.