Título: Poder de fogo do FMI triplica para US$750 bi
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Fonte: O Globo, 03/04/2009, Economia, p. 21

Fundo vai colaborar com conselho de supervisão financeira global. Bancos de desenvolvimento receberão US$250 bi

LONDRES. O Fundo Monetário Internacional (FMI) terá sua capacidade de financiamento triplicada, para US$750 bilhões. Ontem, os países do G-20 confirmaram que vão destinar US$1,1 trilhão para restaurar o crédito global, como havia adiantado o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Desse montante, praticamente a metade - US$500 bilhões - vai para o Fundo, que usará os recursos para ajudar os países mais afetados pela crises. A instituição também vai colaborar com o novo fórum criado para supervisionar o sistema financeiro internacional.

O aporte bilionário no Fundo, que deve ajudar a instituição a retomar o papel de destaque perdido nos últimos anos, inclui anúncios de injeção recentes, de acordo com o jornal britânico "Financial Times. Em Novembro, o Japão já havia se comprometido unilateralmente em repassar US$100 bilhões à instituição, enquanto a União Europeia anunciou em março que injetaria 75 bilhões (cerca de US$100 bilhões). Ainda não está claro de onde virão os US$300 bilhões que faltam para fechar a conta. Hoje, a instituição dispõe de US$250 bilhões em caixa para linhas de crédito emergenciais.

O Fundo também sofrerá uma ampla reforma, que inclui até uma saída da instituição de Washington e a promoção de representante de países como Brasil, China e Índia para os altos cargos executivos.

Além dos recursos para o FMI, US$250 bilhões serão alocados por meio dos Direitos Especiais de Saques (SDR, na sigla em inglês). Os SDRs são uma espécie de moeda criada pelo FMI usada em subscrição de cotas pelos países-membros do Fundo. O mecanismo amplia a liquidez do sistema internacional. Outros US$250 bilhões serão canalizados para financiar o comércio internacional.

Instituições de desenvolvimento multilaterais, como o Banco Mundial, não ficaram de fora da divisão dos fundos. A eles será disponibilizado um total de US$100 bilhões. A intenção é que esse montante seja usado especialmente para ajudar países pobres.

Os líderes do G-20 anunciaram medidas para aumentar a supervisão das finanças globais. O Fórum de Estabilidade Financeira será substituído pelo Conselho de Estabilidade Financeira, integrado por membros de G-20, Espanha e Comissão Europeia. Seu objetivo será promover a colaboração transnacional, de modo a identificar ameaças à economia mundial e emitir alertas antes que esses sinais provoquem uma crise de grande dimensão. O FMI vai trabalhar en colaboração com o conselho.

Para "FT", grandes números mascaram documento final

Para o "Financial Times", a ênfase do comunicado final do G-20 em grandes números, em vez de medidas concretas, serve para mascarar o elemento que faltou no documento: um novo e amplo compromisso com medidas específicas para limpar o sistema bancários mundial de ativos podres - sem liquidez. O "FT" também questiona a origem dos recursos anunciados, já que nem EUA, nem Arábia Saudita nem China se comprometeram com novos aportes no FMI.