Título: Brasil vai pôr dinheiro no FMI
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 02/04/2009, Economia, p. 19

Lula diz que país participará de esforço internacional para injetar US$ 1 tri nas economias.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Brasil está pronto para injetar dinheiro no Fundo Monetário Internacional (FMI), como forma de ajudar numa solução para a crise global e a reforma da instituição.

¿ O Brasil não vai agir como se fosse um paisinho pequeno e sem importância ¿ afirmou o presidente, a caminho da reunião de cúpula do G-20 (grupo de países ricos e principais emergentes), que começa hoje em Londres, em clima de quebraquebra e muitos protestos. As manifestações deixaram dezenas de feridos, um morto e 63 presos.

Lula não disse quanto o país aplicaria no Fundo. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou que os países do G-20 estão negociando uma injeção de até US$ 1 trilhão, não apenas no FMI mas também em outras instituições multilaterais, como o Banco Mundial, para socorrer os países que não estão conseguindo crédito. A medida está condicionada a que os recursos sejam só para países pobres e emergentes.

¿ O Brasil tem cacife hoje para colocar dinheiro emprestado para ajudar países pobres ¿ disse Lula.

Lula e Sarzoky afinam discurso

Lula não condicionou a iniciativa à maior participação do Brasil no poder de decisão do Fundo, embora isso venha sendo discutido dentro do governo. Lula disse que era preciso separar as coisas: a discussão de emergência para a normalização da atividade econômica do mundo, de um lado, e as mudanças nas regras do funcionamento das instituições multilaterais, de outro.

¿ Vamos ter mais tempo para mudar as regras de funcionamento das instituições multilaterais. Isso não precisa ser amanhã.

Segundo Mantega, outros países estão dispostos a injetar mais dinheiro no Fundo. O Japão anunciou que vai pôr US$ 100 bilhões, a União Europeia (UE), outros US$ 100 bilhões, a Noruega entrará com US$ 48 bilhões. O que já dá cerca de US$ 250 bilhões. O ministro explicou que o Brasil está estudando como fará sua contribuição.

A preferência é por meio dos Direitos Especiais de Saque (SDR), que permitem tomar recursos do Fundo.

Mas há outros mecanismos: ¿ Vamos ter que discutir qual a melhor maneira de fazer o aporte.

Mantega acrescentou que quando for discutida a reforma do FMI o Brasil brigará por uma fatia maior no poder de decisão: ¿ O Brasil está disposto a colaborar, mas temos de ver qual é a melhor maneira de se adaptar às novas regras do jogo. Não podemos trabalhar com as velhas regras. São novas regras, para que o Brasil seja também protagonista.

Ontem, em Paris, antes de embarcarem para Londres, Lula e seu colega francês, Nicolas Sarkozy, fecharam posição na defesa de um cerco aos paraísos fiscais: ¿ Não existe explicação para haver um mundo real, que investe no setor produtivo, e uma economia que termina por esconder o dinheiro do crime organizado, narcotráfico, lavagem de dinheiro ¿ disse Lula.

Sarkozy confirmou que estará no Brasil no dia 7 de setembro e acrescentou que, até lá, Brasil e França vão preparar em conjunto um projeto com propostas para uma nova governança do mundo.

¿ Temos uma identidade completa de pontos de vista entre Brasil e França. O presidente Lula e eu queremos que o mundo mude, se transforme. E que haja um mínimo de regulação ¿ afirmou Sarkozy.

SARKOZY ALFINETA OBAMA, na página 20

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