Título: Lula culpa ricos por insegurança
Autor: Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 01/04/2009, Economia, p. 17

Em reunião no Qatar, presidente defende maior regulação dos mercados.

DOHA, Qatar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou à carga ontem, às vésperas da reunião do G-20 (grupo de países ricos e principais nações emergentes), em Londres, e culpou os mesmos responsáveis pela crise (sem descrevê-los) por outros graves problemas do mundo: degradação ambiental, desequilíbrio no comércio, insegurança.

Num discurso durante a II Cúpula América do Sul e Países Árabes, no Qatar, Lula enumerou as medidas que considera necessárias para superar a crise: abertura do comércio internacional, combater o protecionismo, regulação e transparência das transações financeiras, reformas de instituições internacionais e ações coletivas.

¿ Só assim os países que mais contribuíram para a crise financeira, para a degradação ambiental, para os desequilíbrios no comércio e para a insegurança coletiva assumirão suas responsabilidades.

Segundo ele, a crise global jogou o mundo ¿em período de profundas transformações e quebra de paradigmas¿. Lembrou que a crise tem impacto maior nos países pobres e populações carentes: ¿os mais vulneráveis e os menos responsáveis por ela¿.

O presidente aproveitou a reunião em Doha para defender a retomada da rodada de negociações para liberalizar o comércio internacional, lançada em 2001, mas que está emperrada.

Lula lembrou que o comércio entre América do Sul e países árabes cresceu de US$ 11 bilhões, em 2004, para US$ 30 bilhões (170%), no ano passado.

Mas, segundo o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Schahin, a crise afetou o comércio entre Brasil e países árabes, que caiu 20%, nos dois primeiros meses do ano.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, alertou para os efeitos sociais da crise, citando dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê até 50 milhões de desempregados até 2010. Seu colega venezuelano, Hugo Chávez, apresentou sua solução: ¿ O socialismo é a solução para a crise. Não há solução dentro do capitalismo.