Título: Doméstica era paga pela Câmara
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 31/03/2009, O País, p. 4

Deputado licenciado tinha empregada lotada no gabinete de seu suplente.

BRASÍLIA. Licenciado do mandato desde 2007, quando assumiu a Secretaria de Transportes do Distrito Federal, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) manteve até ontem uma empregada doméstica em sua casa com salário pago pela Câmara. Izolda da Silva Lima, contratada em 2003, lotada no gabinete do suplente de Fraga, Osório Adriano (DEM-DF), recebia R$ 480 como ¿secretária parlamentar¿.

Ao longo do dia, Fraga disse não ver irregularidade nisso, e negou que Izolda prestasse serviços domésticos. Mas, à noite, anunciou que solicitara a Adriano a exoneração dela. Em reportagem da ¿Folha de S.Paulo¿, ontem, Izolda confirmou que fazia serviços domésticos para Fraga.

Ele negou que Izolda tenha exercido atividades de empregada doméstica, mas se atrapalhou: ¿ Ela faz serviço no meu gabinete, paga contas, serve cafezinho.

É uma empregada que presta serviços domésticos.

Perdão. Que presta serviços externos e... Agora realmente ficou complicado de explicar ¿ disse Fraga à GloboNews.

Em outra entrevista, dissera: ¿ Quando não tem contas a pagar, normalmente ela fica no gabinete, servindo cafezinho, fazendo uma limpeza. Se é imoral? Não sei até que ponto diante de tantas denúncias o que pode ser ilegal ou imoral.

Adriano diz que só manteve Izolda a pedido de Fraga: ¿ O gabinete tem verba da R$ 55 mil para contratar assessores.

Mas como tenho três mil funcionários em minhas empresas, não preciso dos cargos. O Fraga me pede para nomear esse ou aquele, eu atendo. Se você me perguntar se conheço a Izolda ou se ela trabalha comigo, vou ser sincero: não.

A mudança de comportamento de Fraga se deu, disse ele, após saber que, segundo ato da Mesa número 72, de 1997, ¿os cargos em comissão de secretário parlamentar são para prestação de serviço de secretário direto e exclusivo dos gabinetes¿: ¿Sempre cumpri a lei e vou continuar cumprindo¿, disse, em nota, justificando a demissão. A administração da Câmara pretende levar o caso à Mesa. A avaliação é que o fato é grave e poderia justificar uma representação por quebra de decoro.