Título: Com redução de IPI, venda de carros cresce para 635 mil em três meses
Autor: D'Ercole, Ronaldo; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 31/03/2009, Economia, p. 20

Mas Anfavea prevê correção de mercado, com possível queda em abril.

SÃO PAULO e RIO. Embaladas pela redução do IPI, as vendas de carros novos entre janeiro e o último dia 29 totalizaram 635 mil unidades, volume que supera as 633 mil comercializadas nos primeiro trimestre de 2008.

A informação foi dada ontem por Jackson Schneider, presidente da Anfavea, entidade que reúne as montadoras no país.

Considerando os dois últimos dias do mês, a Anfavea estima que o total de vendas de março atinja 238,2 mil unidades, novo recorde para o mês.

De acordo com Schneider, caso o governo não prorrogasse o prazo da vigência das alíquotas menores do IPI, as vendas do setor poderiam declinar até 30% no segundo trimestre. Apesar disso, e do otimismo do governo, o representante das montadoras admitiu que poderá haver uma ¿correção¿, com queda nas vendas em abril.

¿ Estamos vivendo um momento depois do outro. E é possível que tenha havido uma antecipação de compra (por consumidores que, na dúvida sobre a prorrogação, aproveitaram o IPI menor), e pode ser que tenhamos uma correção de mercado em abril, com a retomada do ritmo de vendas a partir de maio ¿ disse Schneider, acrescentando.

¿ Fechamos a renovação e temos uma expectativa positiva para o segundo trimestre.

Desaceleração da produção fez cair os estoques Para Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias autorizadas de automóveis, esses primeiros 90 dias com imposto menor foram uma experiência positiva.

Agora, acredita, os consumidores vão respirar e se programar para a compra do carro novo. Por isso, admitiu também que, nas primeiras semanas de abril, as vendas deverão ocorrer mais lentamente.

¿ Depois disso, esperamos uma nova retomada, porque as condições de compra são muito boas, a taxa de juros é menor que a de agosto de 2008 e o crédito está fluindo normalmente ¿ disse Reze, lembrando que os carros novos hoje estão entre 10% e 15% mais baratos dos que em setembro.

¿ As promoções vão continuar.

Mas depois de junho, não haverá mais motivos para manter as reduções de IPI, porque imaginamos que a partir daí a economia deverá reagir.

Apesar de todos os benefícios anunciados pelas novas medidas, a falta de estoque preocupa as concessionárias.

Segundo Rogério Mello, gerente da concessionária Transrio (Volkswagen), há um descompasso entre a demanda e produção industrial: ¿ A desaceleração da produção desde o fim do ano passado limitou nossos estoques.

No momento, tenho uma fila de espera de 12 compradores do Gol e quatro do Voyage. Os carros estão até pagos, mas certas cores e modelos estão em falta.

Montadoras elogiam medidas do governo O presidente da Fiat na América Latina, Cledorvino Belini, elogiou o governo: ¿ Felizmente, o Brasil tem tido alternativas para combater os efeitos da crise.

Segundo ele a prorrogação da redução do IPI vai ajudar a indústria automobilística a manter a recuperação de seu ritmo de produção e vendas, o que ajuda na manutenção de empregos.

O presidente da Volkswagen no Brasil, Thomas Schmall, classificou as reduções do IPI ¿fundamentais¿ para o setor, pois permitiram que as indústrias se recuperassem das perdas sofridas nos últimos três meses do ano passado. As vendas do último trimestre, de 611,5 mil unidades, representaram uma queda de 24% em relação ao trimestre anterior.

¿ Reconhecemos o esforço do governo e esperamos que esse novo período (de redução e isenção do IPI) permita a manutenção dos patamares de vendas nos próximos meses ¿ disse o executivo da Volks.

Mesmo com os benefícios fiscais da Zona Franca, que reduziu recentemente as taxas de administração cobrada das empresas lá instaladas, a indústria de motocicletas amargou no mês passado uma queda de 58% na suas vendas. Mas graças a um acordo com o governo do estado, que isentou o setor do ICMS em troca de as empresas não demitirem, cerca de 4 mil empregos foram preservados. n

COLABOROU Camila Nobrega