Título: Último saque foi em 2002
Autor: Oliveira, Eliane; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 04/04/2009, Economia, p. 29

História do país com o Fundo inclui rompimentos e moratória.

O aporte de recursos do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) consolida uma posição confortável do país em relação à dependência de recursos da instituição multilateral. A última vez que o Brasil sacou dinheiro do Fundo foi em 2002, em decorrência da deterioração dos indicadores econômicos com a vitória nas eleições do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na ocasião, o Fundo pôs à disposição do Brasil o valor inédito de US$30 bilhões, num tipo de acordo chamado stand-by, de 15 meses, com validade até dezembro de 2003. Nesse ano, o governo brasileiro renovou o acordo, dando ao país o direito de sacar mais US$14,13 bilhões, o que nunca ocorreu. Em 2005, o Brasil decidiu não mais renovar o acordo, num sinal de que sua economia mantinha os fundamentos estáveis e um volume de reservas confortável.

Com o aporte anunciado na reunião do G-20 esta semana, o Brasil chega no seu melhor momento na história da conturbada e oscilante relação com o Fundo. Situação bastante distinta de 50 anos atrás, quando o país rompeu pela primeira vez com a instituição multilateral.

Após sucessivas crises financeiras, caracterizadas por grande endividamento externo e hiperinflação, o país decretou unilateralmente moratória em 1986, suspendendo o pagamento dos juros e do principal da dívida. Só em 1994, o governo Itamar Franco renegociou a dívida externa e regularizou a situação.