Título: Para economistas, um passo contra crise
Autor: Berlinck, Deborah; Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 04/04/2009, Economia, p. 31

Analistas elogiam medidas adotadas

SÃO PAULO. O conjunto de medidas apresentado pela cúpula do G-20 na reunião desta semana, em Londres, teve o mérito de conciliar divergências e encaminhar propostas tidas como essenciais para o enfrentamento da crise global, concordam os economistas. Para Antonio Corrêa de Lacerda, economista da PUC de São Paulo, embora a cúpula tenha dado apenas sinalizações do que deve ser feito para solução de questões estruturais, como a nova regulação dos mercados financeiros, o consenso sobre o uso de políticas anticílicas coordenadas para combater a crise foi um passo importante, uma resposta "contundente".

- São recursos expressivos para o tamanho da crise e certamente vão atender os objetivos. Me surpreendeu positivamente a contundência com as medidas foram acordadas - disse Lacerda, destacando o reforço na capitalização do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Luiz Gonzaga Belluzzo, economista da Unicamp e conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considerou oportuna a iniciativa do G-20 de apertar o cerco contra os fundos especulativos e os paraísos fiscais.

- É preciso colocar limites nesses mecanismos.

Marcelo Moura, do Ibmec São Paulo, considerou engenhosa a decisão de aumentar o "poder de fogo" do FMI e ajudar economias com problemas fiscais.

- O mais importante no encontro foi o poder de coordenação que se conseguiu para sair com uma agenda mínima e consensual - disse Moura.

Outro avanço, a seu ver, foi a decisão de a Organização Mundial do Comércio (OMC) passar a fiscalizar ações protecionistas.

Os economistas celebraram ainda o papel desempenhado pelo Brasil na articulação desse consenso. Para Belluzzo, a habilidade política e o carisma de Lula foram decisivas.

- Politicamente, o Brasil marcou um golaço. O país nunca teve uma posição tão favorável no cenário econômico mundial - disse.