Título: Barreira de contenção para popularidade de Lula
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 05/04/2009, O País, p. 8

Pacote habitacional é uma das armas do governo para recuperar pontos perdidos com crise em centros urbanos

BRASÍLIA. O Palácio do Planalto vai reforçar programas do governo com atuação nas áreas urbanas para conter a perda de popularidade do governo Lula, reflexo da crise financeira internacional no Brasil. A estratégia foi decidida porque o governo já admite novas quedas em pesquisas.

A estratégia consiste em garantir patamar mínimo de aprovação de 45%, no pior cenário da crise. Segundo analistas consultados pelo Planalto, o colchão de popularidade atual do governo é de 35%. Esse percentual foi testado e mantido no auge da crise política de 2005, com o escândalo do mensalão. O índice deve-se, principalmente, aos programas sociais, como o Bolsa Família, com grande alcance nos grotões do país.

Agora a ordem é elevar esse patamar de segurança, principalmente nas periferias das grandes cidades, em pelo menos dez pontos percentuais. A "barreira de contenção", como começou a ser chamada por esses analistas, é feita com programas como o pacote habitacional para a construção de um milhão de moradias populares em todo o país. Também é apontado como um trunfo a construção acelerada de escolas técnicas e o Projovem Urbano, destinado a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e escrever e não concluíram o ensino fundamental, com auxílio mensal de R$100.

Apesar da aprovação do governo Lula ter caído cerca de dez pontos percentuais nas últimas pesquisas entre dezembro e março, o patamar acima de 60% é considerado confortável pelo governo. A avaliação feita no Planalto é que Lula foi ajudado pelo fator sorte, já que a crise atingiu o Brasil no auge de sua popularidade. E que a queda já era previsível, porque o recorde de aprovação havia ocorrido durante a eleição municipal, quando houve propaganda natural das ações do governo Lula pelos candidatos aliados.

- A aprovação do presidente Lula estava muito alavancada. Por isso, acho que é natural que haja uma queda. Agora, uma crise na economia é ruim para toda a classe política. E óbvio que, do ponto de vista de popularidade, é pior para quem está no governo - reconheceu o governador Jaques Wagner (PT-BA).