Título: Milícia também na mira do MP
Autor: Werneck, Antônio
Fonte: O Globo, 05/04/2009, Rio, p. 14

Investigações da polícia e do Ministério Público estadual identificaram adolescentes e crianças sendo exploradas sexualmente também por integrantes da milícia que atua na Gardênia Azul, em Jacarepaguá. O assunto foi tratado ano passado pela série de reportagens Favela S/A, que revelou quem lucra explorando negócios em comunidades pobres do Rio. A denúncia identificou milicianos selecionando crianças e jovens, entre 9 e 14 anos, que iam ser negociadas em noitadas embaladas por bebidas e drogas. Na época, a mãe de uma menina de 12 anos relatou que a filha fugiu de casa para participar da "fila das novinhas". As meninas selecionadas pelos milicianos recebiam um real para participar das festas. A mãe contou ainda que, numa única noite, a filha fez sexo com 23 homens.

Os acusados poderão ser denunciados por exploração da prostituição infantil, com penas de quatro a dez anos de prisão, e estupro, que é crime hediondo, porque há presunção de violência, já que as vítimas, à época, tinham menos de 14 anos. Com isso, a pena máxima pode chegar a 15 anos de reclusão.

Policiais e Ministério Público estadual investigam também suspeitas de participação de milicianos na exploração da prostituição de menores em baile funk do Castelo das Pedras, em Rio das Pedras, Jacarepaguá. A casa - instalada na região considerada berço das milícias no Rio - recebe até seis mil pessoas de diferentes partes da cidade.

Adolescentes teriam sido submetidas a exploração sexual, conforme denúncia da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. O caso está sendo apurado pela 19ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) do Ministério Público estadual. As denúncias de exploração da prostituição de menores, contudo, não se limitam a Rio das Pedras. Relatos dessa prática em outras comunidades de Jacarepaguá somam 13 volumes em dois procedimentos instaurados na 19ª PIP.