Título: Queda da popularidade de Lula é confirmada
Autor: Krieger, Gustavo
Fonte: Correio Braziliense, 31/03/2009, Política, p. 04

Instituto Sensus aponta diminuição de oito pontos na aprovação do presidente. Preocupação com o desemprego é uma das razões

Mais uma pesquisa confirmou que a crise econômica internacional está afetando a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Divulgado ontem, o levantamento do instituto Sensus apontou queda de 10 pontos na avaliação do governo e de oito na aprovação do presidente. A razão é o aumento da preocupação com os efeitos da crise econômica no Brasil, em especial com o desemprego.

Em janeiro, apesar da crise, Lula bateu um recorde de popularidade, segundo o Sensus. A aprovação do desempenho dele chegou a 84%. No levantamento divulgado ontem, ela caiu para 76,2%. A queda na avaliação do governo foi ainda maior. Desceu de 72,5% em janeiro para 62,4%. Nesse caso, o que aumentou foi a avaliação regular, que passou de 21,7% para 29,1%. O grupo que avalia negativamente a administração federal passou de 5% para 7,6%, mas ainda é pequeno.

¿A popularidade de Lula voltou aos níveis de antes da crise econômica¿, diz Ricardo Guedes, diretor do Sensus e responsável pela pesquisa, feita por encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). O cruzamento de dados deixa claro que a razão é a deterioração da economia. O brasileiro começou a sentir no bolso e na carteira de trabalho os efeitos da crise.

Em janeiro, 38,5% dos entrevistados avaliaram que o nível de emprego no Brasil havia piorado nos seis meses anteriores. Na pesquisa divulgada ontem, esse índice pulou para 54,5%. Nada menos que 63,5% disseram conhecer pessoalmente ou ter ficado sabendo de alguém que perdeu o emprego por causa da crise.

Eleições A Sensus também testou cenários para a eleição presidencial de 2010. No primeiro, o tucano José Serra ficou com 45,7%, contra 16,3% da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Ambos ganharam três pontos em relação à pesquisa de janeiro. Heloísa Helena (PSol) ficou estável, com 11%. Serra também lidera no cenário em que Ciro Gomes (PSB) aparece como o candidato do governo. Nesse caso, o tucano teria 43,1%, Ciro ficaria com 14,9% e Heloísa Helena com 12,8%.

O cenário fica mais equilibrado nas simulações em que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, aparece como candidato do PSDB. Ele teria 22%, contra 19,9% de Dilma e 17,4% de Heloísa. Com Ciro no jogo, Aécio teria 21,2%. O candidato do PSB teria 19,2% e a do PSol chegaria a 19%. Para Aécio, a elevação dos índices da ministra é resultado da enorme exposição que ela tem ao inaugurar obras e projetos oficiais. ¿Ela tem tido uma exposição nos últimos meses que talvez nenhum outro candidato em qualquer tempo no país teve.¿

-------------------------------------------------------------------------------- Agenda de empresário

Em meio à crise econômica, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresenta hoje ao Congresso a agenda de prioridades do empresariado. A relação tem 119 pontos, mas a atenção se concentra em uma agenda mínima de 13 pontos, entre projetos que os empresários querem aprovar e outros que eles se esforçam para barrar. ¿A crise aumenta a importância dessas propostas¿, diz o deputado Armando Monteiro Filho (PTB-PE), presidente da CNI. ¿O Congresso precisa dar uma resposta aos problemas da economia¿. A entidade espera dar uma demonstração de força, reunindo mais de 300 parlamentares no lançamento de sua plataforma.

Apesar da força política e financeira, os industriais têm enfrentado dificuldades para fazer sua agenda prevalecer no Congresso. Esta é a 14ª edição da Agenda Legislativa da Indústria. Em 2008, apenas 20% dos projetos prioritários foram aprovados. Para este ano, a principal prioridade é a reforma tributária. A emenda constitucional sobre o assunto espera votação no plenário da Câmara. Apesar de algumas restrições, a CNI apoia a proposta. ¿Não é o ideal, mas ele aponta para questões importantes. Uniformiza a legislação, reduz o peso tributário sobre a folha de pagamentos e desonera investimentos e exportações¿. (GK)