Título: Na presidência da Infraero, denúncias de liderar esquema de R$500 milhões
Autor: Galhardo, Ricardo; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 13/04/2009, O País, p. 4

Amizade de Wilson com Lula começou quando presidente era líder sindical

BRASÍLIA. Derrotado na eleição presidencial de 1989, Luiz Inácio Lula da Silva amargava uma fase de ostracismo, quando foi visitar seu estado natal, Pernambuco. O então governador, Carlos Wilson Campos, recebeu-o com honras de presidente da República. O gesto marcou para sempre a amizade de Carlos Wilson com Lula, o líder sindical que conhecera nos anos 80.

No primeiro mandato de Lula, Carlos Wilson foi um conselheiro próximo ao presidente. Presidiu a Infraero e enfrentou denúncias de corrupção na empresa. Foi um dos alvos da CPI do Apagão Aéreo, sendo apontado como operador de um esquema de corrupção que desviou R$500 milhões dos cofres da Infraero. Mais de uma vez foi chamado a dar explicações ao próprio Lula e à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, mas acabou excluído do relatório final da CPI. A denúncia chegou ao Tribunal de Contas da União. O Ministério Público pediu a quebra de seu sigilo bancário e fiscal.

No início de 2006, deixou a Infraero para disputar as eleições. Foi eleito para o quarto mandato na Câmara, mas teve atuação discreta, já debilitado pelo câncer. Uma das últimas aparições públicas foi na eleição para a presidência da Câmara. Ele foi ao plenário, mas desmaiou e não conseguiu votar em seu candidato, Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Cali, como era chamado pelos amigos, iniciou a carreira na Arena, na década de 70. Apesar de ser do partido da ditadura, participou ativamente do movimento pela redemocratização do país. O tom conciliador e o jeito suave de fazer política permitiram que, em 35 anos de vida pública, colecionasse aliados de diversos perfis ideológicos. Além de Lula, foi aliado de Fernando Henrique Cardoso e íntimo do senador Antonio Carlos Magalhães (morto em 2007).

Entrou na vida pública após a cassação do mandato do pai, o ex-deputado e ex-senador Wilson Campos (morto em junho de 2001). Além da Arena, passou por PMDB e PSDB. Foi para o PTB a pedido de Lula para disputar o governo de Pernambuco, em 2002. Derrotado, acabou na presidência da Infraero, mas trocou o PTB pelo PT.