Título: Celular e funcionários na conta do Senado
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 09/04/2009, O País, p. 8
Após denúncia, suplente demite assessor do gabinete que trabalhava para o vice-governador do DF, Paulo Octávio (DEM)
BRASÍLIA. Suplente do vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), o senador Adelmir Santana (DEM-DF) teve que demitir ontem o assistente parlamentar Mirocélis Barbosa da Silva, o Miro, que estava lotado em seu gabinete, mas prestava serviços ao titular da vaga no governo. A princípio, Paulo Octávio e Santana resistiram em demitir o servidor, mas, após reportagem do ¿Bom Dia DF¿, da TV Globo, em que o funcionário admitiu que representava o vicegovernador em eventos a que ele não podia ir, a situação ficou insustentável.
Outro escândalo dos últimos dias voltou à tona com a revelação de que chegou a R$ 14.758,07 a conta do celular da Casa emprestado pelo senador Tião Viana (PT-AC) à sua filha, numa viagem ao México, em janeiro. O valor foi revelado em reportagem de ¿O Estado de S.Paulo¿.
Simone Dihl da Rocha, outra servidora do gabinete de Santana, que trabalhava como secretária particular do vice-governador num dos escritórios de suas empresas de construção, foi exonerada no dia 30 de março.
O 1osecretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), não pretende cobrar satisfações de Santana.
¿ Não eram funcionários fantasmas, mas desviados de função. A responsabilidade é de cada senador.
O senador Ademir Santana justificou as demissões: ¿ Quando assumi a vaga do vice-governador no Senado, não fiz alteração no gabinete.
Os dois funcionários prestavam serviços para mim no escritório político que mantenho. Não sabia que prestavam algum tipo de serviço também para o vicegovernador.
A Simone foi exonerada antes de essa denúncia aparecer, e o Miro está sendo exonerado agora porque suas declarações mostraram que sua postura não era compatível com o que se esperava dele.
Alguns senadores aventaram a hipótese de Adelmir Santana sofrer processo por quebra de decoro parlamentar, por ter cedido servidores pagos pelo Senado para Paulo Octávio.
¿ Se ficar provado que houve má-fé por parte do senador, isso pode caracterizar quebra de decoro ¿ advertiu o corregedor, Romeu Tuma (PTB-SP).
Sindicância vai apurar quebra de sigilo telefônico de Tião Heráclito determinou a abertura de sindicância para apurar a quebra do sigilo telefônico de Tião Viana (PT-AC). A conta foi paga depois pelo petista.
¿ Isso é muito grave! A TIM divulgou nota negando qualquer responsabilidade pelo vazamento da conta do senador Tião ¿ protestou Heráclito.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), defendeu um limite para os gastos com telefone: ¿ Uma conta de celular de senador não pode custar R$ 14 mil. Não podemos ter no Senado telefones sem limite.
O Boletim Administrativo do Senado publicou ontem a exoneração de dois diretores da Secretaria de Telecomunicações, Carlos Roberto dos Santos Moniz e Ricardo Macedo, responsáveis pelo controle de gastos dos senadores com telefonia.
A exoneração de Moniz foi confirmada na última sexta-feira pelo diretor-geral do Senado, Alexandre Gazzineo, em meio a boatos de que Heráclito o teria afastado após receber do ex-diretor um dossiê sobre os gastos dos senadores com celulares, o que foi negado pelo secretário.
Para o lugar de Moniz foi nomeado Francisco José Vasconcelos Zaranza, servidor concursado que era chefe de gabinete da Secretaria Técnica de Eletrônica.
Uma de suas missões será apresentar uma radiografia dos gastos dos senadores com telefonia, que só em 2008 foi de R$ 11,1 milhões, de acordo com o site da ONG Contas Abertas.