Título: Um dia de Itamar no Palácio do Planalto
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 09/04/2009, Economia, p. 20

Ato de Lula evoca ex-presidente

BRASÍLIA. Ao deixar claro ontem que a saída de Antonio Lima Neto do Banco do Brasil atendeu à sua obsessão pessoal por reduzir os spreads e os juros bancários ¿ o que o executivo se negava a fazer de supetão e na canetada ¿ o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viveu ontem um dia de Itamar Franco. Pessoas que trabalharam no governo do ex-presidente afirmaram que a postura de Lula fez lembrar o comportamento histriônico de Itamar, que, por conta da inflação galopante, atormentava a equipe para, por exemplo, controlar na marra reajustes e preços.

Itamar assumiu às pressas, em outubro de 1992, a Presidência, com o impeachment de Fernando Collor de Mello.

Ficou no poder até janeiro de 2005, quando tomou posse Fernando Henrique Cardoso.

Em sua gestão, Itamar comprou, por exemplo, briga com sete laboratórios farmacêuticos.

Fez questão de assinar o próprio nome como autor de ação contra maquiagem (alteração na embalagem para mudar preço) encaminhada aos órgãos de defesa do consumidor. A inflação era um fantasma que o atormentava e reajustes lhe causavam arrepios.

Demitiu dois integrantes da equipe econômica devido a aumentos de tarifas de gasolina e energia.

Encantado com o Fusquinha do então ministro da Casa Civil, Henrique Hargreaves, Itamar convenceu a Volkswagen a reabrir a linha de produção do carro e ainda criou a figura do automóvel popular ¿ veículos de até mil cilindradas isento de diversos tributos.

Para fontes que transitam no poder, Itamar é incomparável.

Mas, guardadas as proporções, Lula também gosta de usar expressões fortes para explicar suas atitudes.