Título: Ascensão meteórica marca trajetória de Bendine, novo presidente do BB
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 09/04/2009, Economia, p. 20

Indicado foi alçado a uma das vice-presidências sem passar pela diretoria.

BRASÍLIA. Uma ascensão meteórica marca a trajetória no Banco do Brasil (BB) do funcionário de carreira Aldemir Bendine, 45 anos, que vai precisar de muita habilidade para contornar as resistências à sua nova empreitada na instituição.

Apadrinhado por Gilberto Carvalho, chefe do Gabinete Pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cotado para presidente o PT, Bendine ¿ que entrou no BB em 1978, como menor estagiário ¿ foi de gerente-executivo a presidente em cerca de três anos.

Dida, como Bendine é conhecido, chegou aos principais gabinetes quando virou assessor da presidência da instituição no fim da gestão de Rossano Maranhão, em 2006. Já em julho do ano seguinte assumiu a vicepresidência de Varejo e Distribuição, sem passar sequer por uma diretoria ¿ caminho que normalmente a maioria dos altos executivos do banco faz.

Dois meses depois, foi à vicepresidência de Cartões e Novos Negócios de Varejo, cargo que ocupará até o próximo dia 22.

Insatisfação deve levar a renúncias no BB Sua escolha para comandar o segundo maior banco do país deixou muita gente da cúpula e da máquina do BB insatisfeita, pela forte conexão com o PT e o Palácio do Planalto. A situação é tão sensível que há, nos bastidores, a expectativa de que alguns vice-presidentes possam também deixar seus cargos. Em entrevista coletiva ontem, Bendine se defendeu: ¿ Não sou filiado a nenhum partido político ¿ garantiu Bendine, que agradeceu ao presidente demissionário, Antonio de Lima Neto, a oportunidade de ter integrado sua equipe.

A disputa, inclusive política, pela cadeira de comando do BB foi grande. Outros três vice-presidentes foram cogitados para substituir Lima Neto, boa parte com conexões partidárias: Adézio de Almeida Lima (Crédito, Controladoria e Risco Geral), ligado ao PT; Milton Luciano (Varejo e Distribuição), sem ligações políticas; e Ricardo Flores (Governo), este nomeado dentro da cota do PMDB. Seu nome, no entanto, foi descartado logo de cara porque assumiu a vicepresidência há poucos meses.

PT controla cinco de nove vice-presidências do BB A configuração política dentro do BB é clara. O PT de Lula controla cinco das nove vicepresidências e, com a nomeação de Bendini, chega a ocupar o cargo principal. O PMDB fica com uma vice-presidência e três são ocupadas por executivos que não têm ligações partidárias, como a de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores, sob o comando de Aldo Luiz Mendes. Lima Neto não era próximo a qualquer partido, tendo sido recomendado ao cargo por seu antecessor, Rossano Maranhão.