Título: Suspeita surgiu na análise de pen drives
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 08/04/2009, Economia, p. 19

O nome de Victor Martins, diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que ficou de fora do inquérito que apura irregularidades nos repasses de royalties, teria surgido após peritos do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal acessarem o conteúdo de três pen drives apreendidos durante a Operação Águas Profundas, que levou à prisão empresários, lobistas e laranjas envolvidos em fraudes em licitações e na captação ilegal de recursos da Petrobras. Na investigação dos policiais, teria aparecido o nome da empresa Análise Consultoria e Desenvolvimento, de Martins em sociedade com sua mulher, Josenia Bourguignon Seabra.

A Operação Águas Profundas começou no Rio em 2005, mas, durante as investigações, ocorreram tantos vazamentos que o inquérito foi enviado a Brasília. O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, decidiu então entregar o caso ao delegado mineiro Claudio Nogueira, um antigo colaborador. O policial montou sua equipe e veio para o Rio. O vazamento, que prejudicou as investigações, teria supostamente ocorrido na Delegacia de Polícia Fazendária, da PF do Rio. A delegacia é a mesma que ficou encarregada agora de investigar irregularidades no repasse de royalties.

O vazamento, segundo a PF, pode ter permitido a fuga de quatro das 18 pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal durante a Águas Profundas. Um dos foragidos era um policial federal lotado à época no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. Segundo o relatório do delegado Nogueira, o federal repassaria informações à quadrilha em troca de propina. Ele seria sócio de uma empresa de produções artísticas.

As investigações tiveram início em 2005, depois de um empresário envolvido no esquema de fraudes nas licitações da Petrobras ter procurado a Delegacia Fazendária arrependido e disposto a contar como a quadrilha atuava.