Título: MEC propõe realizar novo Enem já em outubro
Autor: Leali, Francisco; Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 10/04/2009, O País, p. 9

Sugestão de data é enviada a reitores das federais; resultado das provas objetivas sairia em 4 de dezembro.

BRASÍLIA. Em nota técnica enviada à associação de reitores das universidades federais, o MEC propôs ontem que o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que vai substituir o vestibular, seja realizado nos dias 3 e 4 de outubro. A divulgação dos resultados das provas objetivas ocorreria em 4 de dezembro e a nota final, com a redação, em 8 de janeiro.

A proposta do MEC de criar um vestibular unificado nas universidades federais muda radicalmente o sistema de inscrição e seleção dos candidatos. A escolha do curso só será feita após a divulgação das notas do novo Enem. Assim, candidatos saberão previamente os cursos em que a sua nota é alta o suficiente para garantir a vaga. Para ter chance de entrar, os alunos poderão refazer sua inscrição quantas vezes quiserem.

As federais poderão participar do novo Enem de duas formas. A primeira, mais simples, será semelhante ao que já ocorre hoje: a nota do Enem contará pontos no vestibular, podendo até substituí-lo, segundo critérios da própria instituição. Neste caso, não será exigida adesão da universidade.

A segunda forma é que realmente encarna a nova proposta do MEC de trocar os vestibulares por um teste nacional, aplicado na mesma data, em todo o país. Nesse caso, a instituição terá que aderir ao Sistema de Seleção Unificada. E o novo Enem será o único teste feito pelos candidatos. Essa exigência afeta os planos do reitor da UFRJ, Aloisio Teixeira, que defendia o novo Enem como primeira fase do vestibular da universidade.

Após a divulgação das notas do exame, os candidatos fazem inscrição pela internet, podendo escolher até cinco cursos de universidades que tenham aderido ao sistema. Pela internet, será possível verificar o número de candidatos inscritos em cada curso e a sua respectiva nota.

Assim, todos saberão previamente quais as chances de aprovação. Nesse período, que deverá durar cerca de duas semanas, o candidato poderá optar por novos cursos, desistindo daqueles em que não têm chance.

- O aluno não faz a inscrição às cegas. Até o último segundo de inscrição, pode alterar as suas opções - disse o ministro Fernando Haddad.

Ele enfatizou que as universidades que aderirem poderão manter outros processos seletivos. É o caso da Universidade de Brasília (UnB), que reserva 25% das vagas para um programa seriado em que os estudantes do ensino médio fazem uma prova ao final de cada ano letivo. O Sistema de Seleção Unificada também poderá, a pedido de instituição, incorporar ações afirmativas já desenvolvidas.

O novo Enem será composto por redação e quatro provas objetivas: língua portuguesa e estrangeira; matemática; ciências humanas; e ciências naturais. As universidades terão liberdade para atribuir pesos distintos a cada prova, como já ocorre em muitos vestibulares.

O ministro disse esperar resposta dos reitores no fim deste mês. Segundo ele, falta definir se um aluno matriculado no 2º ano do ensino médio que faça o exame poderá usar a nota no ano seguinte. Se depender do ministro, sim.