Título: Custo e benefício
Autor: Frisch, Felipe; Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Globo, 10/04/2009, Economia, p. 17

A INTERVENÇÃO do governo no BB se enquadra no conhecido enunciado de que, para todo problema complexo, há uma solução simples, objetiva - e errada.

O SEGREDO do fascínio dessas fórmulas salvacionistas está em levar o idealizador delas a achar que evitou uma alternativa complicada, trabalhosa. Mas sempre, como se sabe, esta é a correta.

NO CASO, em vez de colocar uma instituição do porte do banco na rota do prejuízo e do descrédito, deveria o governo trabalhar com afinco em outras frentes, para reduzir de forma consistente, sem mágicas, os spreads e juros.

DÁ TRABALHO, mas cortar gastos em custeio, com isso reduzir a dívida interna e, por tabela, o custo (juros) de sua rolagem, é mais produtivo do que demitir o presidente do BB e trincar a imagem do banco.

O MESMO vale para a aprovação definitiva do cadastro positivo único de clientes. Sua inexistência obriga banco a cobrar juros mais altos, para financiar as perdas do sistema com os contumazes inadimplentes. Implica trabalho político no Congresso, mas de resultado imediato nas taxas.

OUTRA DECISÃO, também trabalhosa mas efetiva, é reduzir a carga tributária sobre os juros. Significa ter de compensar a medida com redução de gastos. Por isso, há custos políticos, mas produziria efeitos positivos e rápidos no mercado.

TUDO O que não acontecerá com a intervenção no banco.