Título: CEF: sem troca de comando
Autor: Frisch, Felipe; Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Globo, 10/04/2009, Economia, p. 17

Mas instituição é criticada pela burocracia.

BRASÍLIA. Apesar das constantes reclamações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação aos bancos públicos, a troca de comando na Caixa Econômica Federal está descartada por ora, afirmaram fontes ao GLOBO. O entendimento é que a Caixa tem atuado de forma mais alinhada à política de governo, que quer reduzir juros e spreads na marra.

Ainda assim há insatisfação com a instituição. Para várias esferas do governo, Palácio do Planalto incluído, e de setores que dependem do banco, a Caixa tem problemas burocráticos sérios na liberação de recursos. Algo considerado grave para uma instituição que intermedeia a relação entre União e municípios em áreas como saneamento e habitação e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Sem contar que o banco tem a missão de tocar a construção de um milhão de moradias do pacote habitacional.

Outras críticas são a centralização de decisões e o excesso de garantias exigidas, por medo de calote. Entretanto, a posição com que trabalhavam ontem a Esplanada dos Ministérios e interlocutores do Planalto era que a dirigente da Caixa, Maria Fernanda Coelho, tem se esforçado mais para seguir as determinações de Lula do que o presidente demitido do Banco do Brasil, Antonio Lima Neto.

Argumenta-se que a Caixa não elevou juros no auge da crise - como fez o BB - e fez três cortes significativos em linhas de crédito desde janeiro. O vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, afirmou ao GLOBO que novas reduções estão previstas, caso a taxa básica Selic caia ainda mais.

Ontem, em reunião sobre o PAC, Maria Fernanda foi alvo de brincadeira. Quando Lula pediu explicações sobre o programa habitacional, alguns ministros exclamaram: "Ihhh! É a próxima!", em referência à demissão de Lima Neto. (Geralda Doca)