Título: Em greve de fome, Morales trabalha à base de mate de coca, balas e água
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Fonte: O Globo, 11/04/2009, O Mundo, p. 21

Oposição se retira do Congresso e paralisa votação de lei eleitoral.

LA PAZ. O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou ontem que não suspenderá sua greve de fome até que o Congresso, paralisado com a retirada da maior parte da oposição, aprove uma polêmica lei de transição para regular as eleições gerais de dezembro.

À base de mate de coca e água, ele continua trabalhando.

Um esvaziamento do plenário por parte da oposição conservadora deixou sem quórum o Congresso na noite de quinta-feira, logo após a aprovação em primeira instância da lei eleitoral e quando ia ser iniciada a segunda e definitiva votação, artigo por artigo. Líderes parlamentares advertiram que dificilmente o Congresso retomará os trabalhos antes de segunda-feira.

Opositores condicionam presença a mudanças na lei Morales, que iniciou o jejum na quinta-feira, contou que já fez greve de fome por 18 dias quando era líder dos cocaleiros e que seu objetivo é buscar uma solução pacífica para o impasse.

Sentado num colchão, ele masca folha de coca e chupa balas, segundo uma fonte.

¿ Pessoalmente é impossível suspender a greve antes que eles (opositores) cumpram a vontade do povo ¿ afirmou Morales, no Palácio Quemado.

Ele disse que os 15 dirigentes sociais que jejuam com ele também não abandonarão o protesto, mas pediu aos mais de mil ativistas e autoridades que aderiram à greve que a suspendam durante a Semana Santa.

A oposição afirma que a nova lei ajudará Morales a se reeleger e a governar com maior força no Parlamento. O projeto inclui a reserva de 14 cadeiras para indígenas, mais direitos a estes povos e o voto de bolivianos no exterior ¿ pontos contestados pela oposição.

O governo disse esperar contar com o apoio de alguns senadores da oposição para restabelecer o quórum e votar a lei, mas estes condicionam sua presença a mudanças no projeto.