Título: Futuro presidente do BB diz que vai expandir crédito com juros menores
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 14/04/2009, Economia, p. 22

Mas executivo promete manter padrão rigoroso de governança da instituição.

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO. O futuro presidente do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine, afirmou ontem que vai atuar de forma mais agressiva para expandir a concessão de crédito pela instituição, inclusive com taxas de juros menores. Ele, porém, argumentou - em teleconferência com analistas de mercado, na sua apresentação como o novo comandante do banco - que será mantido em sua gestão o mesmo "padrão de responsabilidade" a que o BB está acostumado. Ou seja, vai trabalhar para evitar riscos excessivos e aumento da inadimplência e manter alta rentabilidade.

- O banco vai adotar uma posição mais agressiva de crédito, mas vai manter um rigoroso padrão de análise - afirmou Bendine.

O executivo foi anunciado presidente do BB, cargo que assume no dia 23, na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, numa ação clara de que a estatal será usada para forçar reduções de juros no mercado. Ele vai substituir Antonio de Lima Neto, que vinha desagradando não apenas a Mantega como ao próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua resistência em cortar os custos dos empréstimos. Para garantir os objetivos, Bendine terá que seguir metas.

Bendine diz que metas do banco estão mantidas

Lima Neto também participou da teleconferência, mas falou pouco. Apenas ressaltou que o banco melhorou seus resultados - em 2008, apresentou lucro líquido recorde de R$8,8 bilhões - e que a nova gestão manterá o "compromisso com nossos acionistas".

Evitando citar muitos números, Bendine disse que as metas do banco estão mantidas. Repetiu que o BB será essencial para o país neste momento de crise. Ele não foi questionado sobre suas ligações políticas com o PT. O executivo é apadrinhado por Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete de Lula, e sua ascensão foi rápida. Em pouco mais de três anos, passou de gerente-executivo ao cargo máximo.

- Trabalharemos para transformar essas ameaças (crise internacional) em oportunidades. Nada muda nas premissas que norteiam nossa política de avaliação de risco e concessão de crédito. Nosso foco é, e sempre será, proteger a rentabilidade e a qualidade da nossa carteira de crédito - afirmou Bendine.

As promessas do novo presidente do BB não surtiram efeito no mercado. Depois de despencarem 10,75% em apenas dois dias na semana passada, após o anúncio da demissão de Lima Neto, as ações do banco tiveram ontem uma leve recuperação, de 0,18%, acompanhando de longe a alta da Bolsa no dia (1%).

No BB, o clima ainda é tenso e, nos bastidores, há a expectativa de que importantes executivos do primeiro escalão deixem a instituição. São os casos de Aldo Luiz Mendez (Finanças) e José Maria Rabelo (Negócios Internacionais), que não têm ligação partidária. No banco, achava-se que Mendez seria o substituto de Lima Neto na hora de trocar o comando da instituição. Na última quinta-feira, Mantega pediu aos vice-presidentes do BB que fiquem nos cargos.

Na Fiesp, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, rebateu as críticas de excesso de conservadorismo do BC na administração das taxas de juros.

- As taxas (de juros) têm caído e, hoje, estão no menor nível da história.

COLABORARAM: Felipe Frisch e Aguinaldo Novo