Título: Mercado vê recessão maior em 2009
Autor: Duarte, Patrícia; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 14/04/2009, Economia, p. 22

Projeção é de queda de 0,3% do PIB e Selic a 9,25% ao fim do ano , diz BC

BRASÍLIA. Ao mesmo tempo em que veem uma recessão mais aguda no Brasil este ano, com queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), alguns analistas já começam a apostar numa queda maior da Selic - hoje em 11,25% ao ano - na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 28 e 29 de abril. Foi o que revelou ontem a pesquisa semanal Focus do Banco Central (BC), com cerca de 80 instituições financeiras.

A mediana do mercado mostra que a maioria ainda acredita que a taxa vai cair para 10,25% - reduzindo o ritmo de cortes, que foi de 1,5 ponto percentual nos dois últimos encontros. Mas a referência do Top 5 - com as instituições que mais acertam previsões - aponta para uma taxa a 9,75% no fim do mês.

- Uma redução de 1,5 ponto é a mais provável agora, porque a situação da economia ainda é complicada - disse o economista-chefe do Itaú, Tomas Malaga, que faz parte do Top 5.

Para o fim do ano, tanto o mercado quanto o Top 5 acreditam que a Selic estará a 9,25% anuais, o menor patamar da história. Na semana anterior, os analistas estimavam que a economia cairia 0,19% em 2009 e, agora, falam numa perda de 0,3%. Para o setor industrial, as contas pioraram em 2009, com queda de 3,56%, contra 3,06% da previsão anterior. O mercado manteve a projeção do PIB com crescimento de 3,5% para 2010, mas reduziu, pela segunda semana seguida, as contas de inflação: o IPCA passou de 4,46% para 4,42%, abaixo do centro da meta para este e o próximo ano, de 4,5%. Para 2009, o IPCA passou de 4,26% para 4,25%.

A antecipação de embarques de produtos básicos pode ter sido a principal causa da forte reação das exportações em abril frente ao mês anterior. Com base nos dados apurados até a segunda semana de abril, divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, a média diária exportada, de US$606,4 milhões, aumentou 13% em relação a março, enquanto a média importada, de US$415,4 milhões, caiu 9%.

- As empresas estão procurando antecipar os embarques por causa do bom momento das cotações das commodities - disse o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Nas duas primeiras semanas de abril, a balança comercial teve superávit de US$1,337 bilhão, resultado de US$4,245 bilhões em exportações e US$2,908 bilhões em importações. No ano, há um saldo positivo acumulado de US$4,349 bilhões, contra US$3,922 bilhões em 2008.