Título: Krugman: Brasil está em boa posição
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 14/04/2009, Economia, p. 22

Para prêmio Nobel, 2009 será um ano de fortes ajustes nos EUA.

NOVA YORK. Para Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2008, que está lançando o livro "The return of depression economics and the crisis of 2008" ("A volta da economia da depressão e a crise de 2008"), o Brasil ainda pode crescer este ano. Mas isso dependerá de sua habilidade em renegociar contratos de commodities e dos efeitos da crise sobre o comércio global.

- A economia brasileira está numa boa posição para resistir à crise, mas certamente sentirá seus efeitos. Tudo dependerá da capacidade do país em renegociar seus contratos de exportação e de financiar o seu setor produtivo - afirmou Krugman a jornalistas estrangeiros.

Sobre estratégias para sair da crise, Krugman afirmou que os EUA estão certos e a Europa, errada. Ele disse que os países europeus que não adotarem pacotes de estímulo vão se arrepender mais tarde e que o euro pode vir a se desvalorizar, equiparando-se ao dólar.

- Precisamos agora de uma grande faxina nos bancos, acabar com os ativos podres. E precisamos sustentar os pacotes de estímulo por tempo suficiente para que essa faxina seja completa. Não será fácil, mas é o caminho para sair da crise.

Ele ressaltou ainda que os Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) estão em situação diferente na crise global: Brasil e Rússia dependem muito da exportação de commodities, enquanto China e Índia vendem manufaturados. E elogiou as medidas chinesas contra a crise, apesar de fazer a ressalva de não ter certeza de que os resultados positivos sejam verdadeiros.

Ele vê 2009 como um ano de fortes ajustes na economia americana, com o encolhimento do setor financeiro, o que terá consequências em Nova York.

- Eu diria mesmo que boa parte da conta da crise será paga por Manhattan... - afirmou Krugman, que, no entanto, espera recuperação em alguns setores ainda este ano. - Acredito que por volta de setembro já teremos alguns índices positivos. Mas não creio que o emprego estará entre eles. Todas as crises americanas levaram a um longo período de desemprego elevado, e esta não será diferente.