Título: Nem todos os estados estão no sufoco, diz Lula
Autor: Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 15/04/2009, O País, p. 3

Paulo Bernardo diz que, ao contrário dos prefeitos, governadores terão de compensar União por socorro

TELÊMACO BORBA (PR). O presidente Lula confirmou ontem que vai ajudar os estados a repor perdas de arrecadação decorrentes da crise mundial. O socorro, porém, será estudado caso a caso, diferentemente do que foi anunciado para os municípios, que receberão ajuda extra de R$ 1 bilhão. Lula escalou os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda) para conversar com os governadores. Segundo o presidente, nem todos os estados precisam de ajuda.

mdash; Nem todos os estados estão no sufoco e temos que ir ajudando os mais necessitados ¿ disse Lula, ontem, em festa de comemoração pelos 110 anos da Klabin.

Segundo Paulo Bernardo, que acompanhou Lula ao Paraná, as formas de auxílio também serão diferentes. Se os municípios terão R$ 1 bilhão a fundo perdido, os estados deverão compensar a ajuda: ¿ Vamos fazer diferente. Para os municípios, é um auxílio financeiro. O recurso vai ser passado e, se a arrecadação aumentar, não vai ter volta.

Para os estados, estamos querendo resolver com antecipações de recursos e, se depois der mais, teremos uma compensação; vai ter volta.

Além das antecipações, o governo estuda outras formas de auxílio por meio de empréstimos do Banco do Brasil e do BNDES e da flexibilização das contrapartidas dos estados em obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

¿ Queremos ajudar com empréstimos do Banco do Brasil e do BNDES com prazos de carência a juros atrativos, para que possam resolver demandas de investimentos em infraestrutura. Podemos também mexer nas contrapartidas do PAC. Temos obras em parceria com os estados e, como eles estão apertados, ficam sem dinheiro para colocar a contrapartida, que em geral é de 15%, 20%. Podemos colocar contrapartida menor ou dispensar e deixar para o término da obra.

Bernardo evitou estimar o montante a ser destinado aos estados, mas deu a entender que deve ser próximo ao R$ 1 bilhão dado aos municípios.

Lula chamou de ¿extraordinária¿ a ajuda, mas fez ressalvas sobre negociar as dívidas com o INSS: ¿ Você toma um remédio de cada vez. Não há motivo para os prefeitos apertarem o cinto. O ano passado foi primoroso, e este ano, que é de crise e que todos têm que perder, estamos garantindo que nenhum prefeito vá receber menos do que no ano passado. É uma conquista extraordinária, que acho que nenhum prefeito imaginava que pudesse conquistar. Fizemos isso porque entendemos que a prefeitura é por onde passa primeiro o problema da população ¿ afirmou Lula. ¿ Nossa tese é que, se todo mundo estiver bem quando esta crise for debelada, o Brasil vai dar um salto de qualidade na frente de todos os países.

À noite, o presidente visitou, no Rio, a feira bélica Latin America Aerospace & Defense, e observou equipamentos militares.