Título: Fórum Econômico: México e Brasil darão ritmo de recuperação da região
Autor: Passos, José Meirelles; Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 15/04/2009, Economia, p. 18

Documento do encontro, que acontece no Rio, alerta para risco de retrocesso.

RIO e WASHINGTON. O objetivo é discutir, hoje e amanhã, ao longo de 26 painéis específicos, o impacto da crise econômica global nos países latinoamericanos.

Mas antes mesmo da abertura esta manhã, no Rio, com um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o World Economic Forum na América Latina já tem um diagnóstico: ¿Com Brasil e México sendo responsáveis por quase 60% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) da América Latina, o comportamento desses dois gigantes vai ditar o caminho para o resto da região¿, diz um documento entregue previamente aos 500 participantes do debate. Eles representam o empresariado, governos, sociedade civil, acadêmicos e mídia de 35 países.

O resultado dos debates poderá servir de munição para os presidentes da região na Cúpula das Américas, que será realizada na próxima sexta-feira em Trinidad e Tobago, quando poderão debater a situação hemisférica com o novo presidente americano, Barack Obama.

Bird: investimento para a região cairá à metade Todos sabem que, na verdade, o maior desafio da região continua sendo o de harmonizar a expansão econômica com o progresso social. Meta que, agora, torna-se mais penosa em função da recessão mundial. ¿A desaceleração econômica em 2009 ameaça inverter as recentes conquistas na redução da desigualdade na região¿, diz outro documento do Fórum. Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), 13 milhões de pessoas cairão para a faixa da pobreza este ano.

Para os organizadores do Fórum, apesar dos percalços, os brasileiros estão numa situação mais animadora: ¿Desde 2002 o governo Lula tem procurado instituir um caminho equilibrado, respondendo às necessidades das empresas e, ao mesmo tempo, atacando profundos problemas sociais. O presidente Lula, agindo com pragmatismo, construiu uma estabilidade macroeconômica, e isso melhorou o clima geral para os negócios¿.

Já a vice-presidente para a América Latina do Banco Mundial (Bird), Pamela Cox, disse estrangeiro na América Latina cairá pela metade e deve atingir US$ 47 bilhões este ano. Ela acha que a Cúpula das Américas é uma excelente oportunidade para os países da região mobilizarem as instituições financeiras internacionais para garantir os recursos necessários.

¿ A natureza da crise atual na América Latina não é financeira, mas uma reação às dificuldades econômicas dos países ricos, que estão comprando menos. A melhor maneira que os países têm de ajudar a América Latina é fazendo suas economias reagirem, sobretudo EUA e União Europeia, mas também a China ¿ disse ela. ¿ E garantindo que os recursos das instituições multilaterais não faltem.

Ela acrescentou que já há sinais de recuperação econômica nos EUA, e que o Brasil terminará 2009 sem crescimento, mas acha que o país pode evitar uma recessão.