Título: Obama afirma que tempos ainda são difíceis...
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 15/04/2009, Economia, p. 19

Presidente dos EUA vê sinais de esperança, mas dados reforçam pessimismo. Preços no atacado têm maior queda desde 1950 *

WASHINGTON, NOVA YORK e RIO. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou ontem aos americanos ávidos por boas notícias que os tempos difíceis ainda não acabaram, mas afirmou que a agenda de seu governo está centrada no caminho da recuperação. Apesar de Obama ter tentado levar ânimo aos cidadãos, dados macroeconômicos divulgados ontem reforçaram apenas a parte pessimista de seu discurso, derrubando as bolsas. O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, caiu 1,71%, enquanto o S&P, mais amplo, recuou 2%. A Nasdaq teve queda de 1,67%.

¿ Não há dúvida de que os tempos ainda são difíceis ¿ disse Obama em discurso na Universidade Georgetown. ¿ Mas, de onde estamos, começamos a ver sinais de esperança.

E mais além, temos uma visão de um futuro para a América que é bem diferente de nosso problemático passado econômico.

Apesar do discurso de ¿copo meio cheio¿, Obama se esforçou para não soar ingênuo frente aos problemas econômicos.

Cenário nos EUA fez Bovespa fechar em queda de 1,25% O governo informou que os preços no atacado caíram 1,2% mês passado, a maior queda desde 1950, devido ao recuo nos custos de energia. Em fevereiro, houve alta de 0,1%. Analistas esperavam estabilidade. Já as vendas no varejo caíram 1,1% em março, depois de dois meses de alta. Analistas previam alta de 0,3%. Os produtos eletrônicos Remédio ilegal: governo apreende 170 toneladas Volume é recorde. Dos produtos falsificados, 90% eram vendidos em farmácias legalizadas Eliane Oliveira l BRASÍLIA e RIO. O governo apreendeu, no primeiro trimestre, 170 toneladas de medicamentos falsificados, contrabandeados, sem registros ou com prazo de validade vencido. O volume é recorde e pouco mais que oito vezes maior que as cerca de 20 toneladas apreendidas em todo o ano de 2008. Os grandes centros de distribuição dos medicamentos ilegais estão no Rio, em São Paulo e no Distrito Federal.

E, para a preocupação dos consumidores, 90% dos itens falsificados ¿ de um total de 8,5 toneladas ¿ foram apreendidos em farmácias legalizadas.

A estimativa do governo é que esse tipo de atividade movimente R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões por ano. Entre os remédios, estão aqueles usados para tratar câncer e diabetes, além de estimulantes sexuais, como Viagra.

Os números foram divulgados pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo, e pelo presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), Luiz Paulo Barreto. Segundo Barreto, este ano já foram efetuadas 54 prisões, contra 59 em 2008.

¿ Temos de orientar o consumidor que o local correto para comprar remédios não é na internet, não é na rua, não é na feira livre. É na farmácia. E, para nossa surpresa, a pirataria está aumentando e indo para dentro das farmácias regularizadas.

Temos de declarar guerra a esse delito, frequentemente associado ao crime organizado ¿ disse Barreto.

Remédio contrabandeado vem de Paraguai e Bolívia Nos três meses de repressão reforçada, 85 estabelecimentos foram total ou parcialmente interditados no país. Do total apreendido, 90% são medicamentos sem registro. Entre eles, estão Chá do Índio e até guaraná em pó. Os 10% restantes se dividem em 5% de produtos falsificados e 5% de contrabandeados.

Esses últimos vêm para o Brasil, em sua maior parte, do Paraguai e da Bolívia.

No Rio, policiais da Delegacia de Crimes contra a Saúde Pública estouraram um depósito, próximo à Central do Brasil, onde eram armazenados medicamentos falsificados vindos do Paraguai, entre eles remédios de combate à Aids. n O GLOBO NA INTERNET aComo evitar compras de remédios falsificados oglobo.com.br/economia registraram queda de 5,9%, e veículos e peças, de 2,3%.

Obama deixou claro que, a curto prazo, haverá mais demissões, execuções hipotecárias e turbulência nos mercados.

E defendeu reformas, para chegar a ¿uma era de poupança e investimento¿: ¿ Não podemos reconstruir nossa economia sobre a mesma areia. Precisamos construir nossa casa sobre uma rocha. Precisamos colocar uma nova base para crescimento e prosperidade.

No Brasil, após chegar a subir 1,30% pela manhã e marcar mais de 46.500 pontos ¿ com o bom resultado do banco americano Goldman Sachs no primeiro trimestre ¿, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 1,25%, aos 45.418 pontos, devido aos dados negativos dos EUA. Com a leve volta da aversão a investimentos de risco, aumentou a procura internacional pela moeda e por títulos do Tesouro americano. No Brasil, o dólar fechou a R$ 2,195, em alta de 1,01%.

A virada de humor, no entanto, ainda não representa mudança de tendência, segundo analistas. Mas as ações do setor financeiro, que vinham puxando a recuperação da bolsa, estiveram entre as que mais sofreram: as do Itaú Unibanco caíram 4,68%, e as do Bradesco, 3,36%. As do Banco do Brasil, em compensação, subiram 1,42%, depois de terem caído mais de 10% na semana passada com a troca de presidente da instituição pelo governo.