Título: Congresso aprova lei e Morales volta a comer
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Fonte: O Globo, 15/04/2009, O Mundo, p. 25

Presidente boliviano encerra quase 6 dias de greve de fome e promulga legislação que permite sua reeleição Martín Alipaz/EFE

LA PAZ. O presidente da Bolívia, Evo Morales, encerrou ontem uma greve de fome de quase seis dias depois que o Congresso aprovou uma lei estabelecendo eleições gerais para 6 de dezembro, o que possibilitará sua reeleição. A chamada Lei de Transição Constitucional foi promulgada ontem mesmo por Morales, que parecia abatido e alguns quilos mais magro depois de passar os últimos dias reclinado num colchão no palácio presidencial, bebendo chá de camomila e mascando folha de coca, numa ação para pressionar pelo acordo.

A lei, aprovada pelos congressistas numa votação que varou a madrugada de segunda para terçafeira, também prevê maior representação na Câmara para grupos minoritários indígenas, e permite que bolivianos residentes no exterior votem, o que aumenta em cerca de 300 mil pessoas o eleitorado doméstico, hoje de 4 milhões.

Comemoração é limitada e grupos indígenas reclamam No mesmo dia da eleição, serão realizados referendos sobre autonomia em quatro departamentos. As novas regras eleitorais atendem à nova Constituição boliviana, em vigor desde fevereiro, e favorecem Morales, favorito para um novo mandato de cinco anos.

Partidários do governo, dirigentes e membros de movimentos sociais comemoraram a aprovação com um ato na Praça Murillo. Mas o número de pessoas foi menor do que em ações anteriores. O governo também teve que ceder à oposição, ao concordar introduzir um sistema biométrico de impressão digital, orçado em US$ 30 milhões, para identificar eleitores e evitar fraudes. A oposição insistiu na medida, alegando que o apoio a Morales cresceu de forma suspeita nas últimas votações.

Além disso, líderes de grupos indígenas em busca de maior autonomia se mostraram insatisfeitos por serem contemplados com apenas sete de 130 assentos na nova Assembleia Plurinacional, que substituirá o atual Congresso. O número representa menos da metade do que pleiteavam. Hoje, as duas principais etnias indígenas do país ¿ aimará, da qual Morales faz parte, e quéchua ¿ não têm representações especiais no Congresso bicameral.