Título: Para economistas e empresários, AL está mais sólida para enfrentar crise
Autor: Bôas, Bruno Villas; Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 16/04/2009, Economia, p. 20

Participantes do Fórum Econômico também se mostram otimistas com Brasil.

Apesar do alerta quanto ao uso de políticas fiscais, a América Latina vem enfrentando a crise com economias mais sólidas do que no passado e mais resistentes do que os demais emergentes e muitas nações desenvolvidas. Esse é o diagnóstico de economistas, empresários e políticos que participaram da abertura do Fórum Econômico Mundial na América Latina, ontem, no Rio. O otimismo é ainda maior com o Brasil - na visão dos participantes, há sinais de que o pior já passou.

- Se não houve um decoupling (descolamento), na América Latina pelo menos houve um delay (atraso). A crise chegou depois, e é possível que termine antes aqui - avaliou a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), Alicia Bárcena Ibarra.

Ela lembrou que nos cinco anos do ciclo mais recente de crescimento mundial (período em que, no entanto, a América Latina teve desempenho aquém da média global), a região reduziu de 44% para 34% a parcela de pobres, diminuiu sua taxa média de desemprego de 11% para 7,5% e aumentou a renda per capita em 3% ao ano. Em 2008, enquanto o mundo viu os investimentos diretos estrangeiros caírem 21%, houve alta de 8% na região. E, desta vez, os governos não estavam endividados, e sim o setor privado. Os países tinham elevadas reservas internacionais, e os preços de commodities, principal item da pauta de exportação dessas economias, estava em alta.

- A crise aqui não é estrutural. É puramente cíclica, importada - resumiu Ricardo Villela Marino, diretor para a América Latina do Itaú Unibanco.

Meirelles: Brasil será 1º a sair da crise

No caso do Brasil, "o pior da crise já passou", afirmou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que citou como exemplo o crescimento do número de consultas de financiamento no banco, após dois meses de queda.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, destacou que, nos últimos dias, cresceu a percepção entre os analistas de que o Brasil será um dos primeiros a sair da crise:

- O Brasil certamente será um dos destinos de investimentos no mundo, no momento de saída da crise. São poucos os países em que hoje já existem investidores dispostos a fazer investimento direto estrangeiro e também investimentos nacionais.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também presente no World Economic Forum, citou a melhora na confiança do empresariado. O presidente-executivo do Grupo Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, disse que o Brasil sente os "sintomas" da crise, mas não a "doença", que seriam os ativos podres do setor de hipotecas americano.

O ex-presidente do BC e diretor da Gávea Investimentos, Arminio Fraga, disse que a crise deve reduzir em 1 ponto percentual o crescimento do PIB brasileiro enquanto perdurar. Ainda assim, está otimista quanto ao desempenho do Chile e do Brasil.

oglobo.com.br/economia