Título: Março registrou criação de 34.818 empregos
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 16/04/2009, Economia, p. 22

Apesar da alta, resultado do mês é o pior em 6 anos, ficando muito abaixo dos cem mil previstos por ministro

BRASÍLIA. O emprego com carteira assinada no país voltou a crescer em março, que registrou saldo positivo (diferença entre contratações e demissões) de 34.818 postos. No entanto, foi o pior resultado para o período nos últimos seis anos. Setores importantes da economia continuaram demitindo, como a indústria de transformação, que fechou 35.775 vagas, e o comércio, que cortou outras 9.697. Mas São Paulo e Minas Gerais, estados cujas economias foram as mais atingidas pela crise até agora, voltaram a contratar.

Fatores sazonais, como a volta às aulas, ajudaram no desempenho geral do mês, puxado pelo segmento de serviços, com a abertura líquida de 49.280 vagas, a maior parte no ensino. Em seguida vêm serviços de comércio e administração imobiliária e de transporte e comunicações.

Também tiveram saldo positivo agricultura (7.238 postos) e administração pública (7.141). Ao divulgar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse que a indústria e o comércio vão inverter a curva do desemprego neste mês.

- Minha avaliação para abril é que a indústria já será positiva - disse Lupi, lembrando que o setor demitiu 56.456 em fevereiro.

Depois de prever saldo líquido de cem mil vagas em março, o que não ocorreu, o ministro não quis arriscar previsão para abril. Disse apenas que o país já iniciou sua recuperação, lembrando que os três principais mercados empregadores (São Paulo, Minas Gerais e Rio) registraram saldo positivo conjuntamente pela primeira vez este ano. Em São Paulo foram abertas 34.231 vagas, Minas Gerais, 9.399 e Rio, 6.158.

- Saímos do vermelho e estamos no azul - disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

A crise financeira global começou a ser sentida no mercado formal de trabalho brasileiro em novembro de 2008, que registrou saldo negativo de 40.821 postos. Em dezembro, foram eliminados 654.946 empregos - recorde absoluto - e, em janeiro deste ano, 101.748. Já em fevereiro, o resultado foi positivo em 9.179 vagas.

Mas as vagas abertas em fevereiro e março não repõem aquelas fechadas no ano: a perda líquida é de 57.751. A indústria de transformação, mais atingida, fechou no primeiro trimestre 147.361 postos. Depois vem o comércio, com 70.753. Já o setor de serviços foi o que mais contratou no período, com 109.250, seguido por construção civil (30.289) e administração pública (23.866).

Em março, o Sudeste teve saldo positivo de 50.277 vagas, à frente de Sul (15.283) e Centro-Oeste (15.067). Já Nordeste e Norte tiveram perda de 40.208 e 5.601, respectivamente.