Título: Gabrielli reconhece influência política nos preços da gasolina e do diesel
Autor: Almeida, Cássia; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 17/04/2009, Economia, p. 20

Decisão nunca é só econômica, diz. Lula confirma estudo para baixar combustível

RIO e BRASÍLIA. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem, no Fórum Econômico Mundial na América Latina, que a estatal não pode ter apenas critérios empresariais para determinar preços e que a política conta, sim, na hora de fixar os valores da gasolina e do diesel.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, confirmou que o governo estuda baixar o preço dos combustíveis.

A manutenção do preço da gasolina e do diesel tem sido motivo de críticas, diante da queda brusca da cotação do petróleo nos últimos meses. O barril, que chegou a US$ 145 em julho, fechou ontem em US$ 49,98 na Bolsa de Nova York.

¿ A decisão nunca é política só, nem só econômica. É sempre as duas coisas quando você tem uma empresa que fornece 99,9% dos combustíveis do país. Evidentemente que essa empresa não pode pensar só e exclusivamente do ponto de vista empresarial, porque os impactos dela são macroeconômicos ¿ disse Gabrielli.

Lula: queda de preço afeta arrecadação de estados Ele afirmou que o preço dos combustíveis, tanto gasolina como diesel, terá de ser atualizado, mas não adiantou uma data para a redução esperada: ¿ Isso se o mercado apontar para a redução, mas quando não sei. Isso que o ministro Guido (Mantega, da Fazenda) disse ontem (anteontem).

Na quarta-feira, o governo montou uma equipe de técnicos próprios e da Petrobras para estudar o corte no preço do diesel. E Mantega dissera que o preço cairia, mas que não saberia quando.

Ontem, após reunir-se com os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, em Brasília, Lula argumentou que é preciso compatibilizar essa decisão com o interesse dos estados, que poderão perder ICMS.

¿ Tudo isso é tema que está sendo pensado. Que precisamos reduzir, todo mundo sabe.

A Petrobras sabe disso, mas precisamos compatibilizar o que vai acontecer com os estados que, nesta época de crise, perderão ICMS ¿ disse o presidente.

¿ Não podemos calçar um santo e descalçar o outro.

Nós precisamos, mesmo que seja um sapato mais humilde, dar um para cada um, para que todo mundo possa andar calçado.

No Rio, Gabrielli voltou a afirmar que a estatal não segue política de curto prazo, mas admitiu que, se houver queda nos preços a longo prazo, ¿a Petrobras terá que alterar o preço¿.

¿ Há 150 distribuidores que vão importar diesel e gasolina mais baratos. O mercado é aberto.

No encontro em Brasília, em que foi feita uma avaliação das obras de energia do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Lobão descartou novo apagão e disse que a regulamentação da exploração do pré-sal não sairá antes de 1° de maio.