Título: Rapidez para liberar verbas é maior este ano
Autor: Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 19/04/2009, O País, p. 5

Governo empenhou R$45 milhões de janeiro a março

BRASÍLIA. A execução do orçamento de publicidade mostra que as despesas empenhadas (contratadas) também cresceram substancialmente no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2008. O empenho é o primeiro passo para a execução de uma despesa do orçamento.

O crescimento no montante desses recursos mostra que o ritmo de gastos com publicidade este ano está muito mais veloz do que em 2008. Até março, as despesas empenhadas chegavam a R$45,5 milhões, 147% acima do mesmo período de 2008 (R$18,4 milhões).

- Sempre concentrávamos os gastos a partir de abril, reforçando as campanhas no segundo semestre, mas este ano exigiu mais publicidade por causa da crise - explicou o subchefe-executivo da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Ottoni Fernandes Júnior.

Segundo Ottoni, a publicidade institucional tem fins de utilidade pública, informando a população sobre impostos e linhas de crédito, por exemplo.

O governo se preocupa hoje em divulgar o programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida", recém-lançado pelo presidente Lula. A campanha, que deve ficar no ar até o fim do mês em rede nacional, gerou protestos da oposição, que acusa o governo de divulgar um programa que praticamente não saiu do papel. A Secom discorda:

- As pessoas estavam procurando a Caixa em busca de informações. É uma campanha de esclarecimento para mostrar como o programa funciona - afirma Ottoni.

Secom trabalha com três agências de publicidade

O cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), diz que a crise ameaça a confiança nos governos. Isso ficou claro nas últimas pesquisas de opinião, indicando queda de dez pontos na popularidade do presidente Lula.

- O governo está tentando resolver a crise de confiança com publicidade. Maquiavel já dizia que governar é fazer ver. Não basta fazer, tem que mostrar. E o governo tenta mostrar que o Brasil não está imobilizado com a crise, que as coisas estão acontecendo - observa.

Para Barreto, essa pode ser uma estratégia para acabar com a desconfiança da sociedade, manter os índices de apoio ao governo e responder às cobranças da oposição.

A Secom trabalha com três agências de publicidade. Em cada campanha é feita uma concorrência interna, e quem apresenta a melhor proposta realiza o trabalho. "Minha Casa, Minha Vida" foi feita pela 141 Brasil, que divide o contrato de R$150 milhões com as agências Matisse e Propeg.