Título: Reitores terão quatro opções para usar novo Enem
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 18/04/2009, O País, p. 9

Ministro da Educação admite risco de universidades não aderirem se exame for única forma de preenchimento de vagas

BRASÍLIA. Para quebrar a resistência das universidades ao novo Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação decidiu flexibilizar as regras de aproveitamento da prova nos processos seletivos das instituições. O Enem não precisará mais ser o único critério de acesso ao ensino superior. O ministro da Educação, Fernando Haddad, admitiu que, se fosse adotado apenas o Enem como forma de preenchimento das vagas, haveria o risco de as universidades não aderirem.

Os reitores terão, agora, quatro opções de aproveitamento da prova do Enem: optar por ela unicamente; usar o exame como a primeira fase do processo seletivo, sendo que as outras etapas ficariam a critério das instituições; combinar o resultado da prova com outro processo seletivo e estabelecer uma média definitiva; e usar o Enem apenas como o critério de preenchimento das vagas ociosas, que sobram dos vestibulares.

A decisão de criar alternativas foi tomada pelo chamado Comitê de Governança, do qual faz parte a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), além do ministério. Haddad explicou que as instituições podem optar inicialmente por um sistema e, com o tempo, migrar para outro. O ministro reconheceu que há resistências das instituições.

- Por que vedar a participação de outros métodos, se as universidades não se sentem suficientemente seguras para adotar o Enem como fase única? Seria autoritário. Mas as universidades que entenderem que podem dar um passo mais ousado darão - disse Haddad.

O novo Enem consiste na aplicação de quatro provas com 50 questões cada e uma redação. O objetivo é unificar os vestibulares e permitir que os estudantes concorram a vagas em todas universidades do país com a nota que obter.

A maior objeção ao novo Enem vem de universidades do interior, que resistem a destinar vagas para estudantes de outras regiões. Haddad disse que alguns reitores manifestaram esse receio e que eles podem optar pelo Enem apenas na primeira fase do vestibular e, depois, restringir as vagas a um universo limitado geograficamente.

- Mas há reitores que não estão preocupados, como os das capitais, que já recebem alunos do Brasil todo.

O presidente da Andifes, reitor Amaro Lins, da Universidade Federal de Pernambuco, disse que as instituições aprovaram o novo modelo, mas preferem aderir aos poucos, optando inicialmente por sistema misto. Segundo Lins, as universidades que escolherem usar parte do Enem aliado ao vestibular não terão como adotar a proposta de mobilidade dos alunos.

O dirigente da Andifes afirmou que os reitores temem uma invasão de alunos de outros estados. Outros dirigentes também receiam perder os melhores alunos do ensino médio de suas regiões para outras universidades, em outros centros.

- A mobilidade é algo positivo, mas esse temor de fuga de bons alunos existe tanto do Norte perder para o Sul e do Sul perder para o Norte.

Para Haddad, o novo Enem é compatível com as políticas afirmativas, como as cotas.