Título: Gastos com Defesa crescem 30%
Autor: Scofield Jr., Gilberto; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 18/04/2009, O Mundo, p. 27

Colômbia e Venezuela lideram ranking de aumento na América do Sul.

BUENOS AIRES. Em sintonia com uma tendência global, de 2007 a 2008 os países sul-americanos, que integram a Unasul, elevaram em 30,2% seus gastos em defesa, passado de US$39,143 bilhões para US$51,110 bilhões. Embora o Brasil represente mais de 50% do total desembolsado pela região, os governos que mais aumentaram seus orçamentos militares no ano passado foram os dos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela (29%), e Álvaro Uribe, da Colômbia (37%). Os dados foram compilados pelo Centro de Estudos Nova Maioria, comandado pelo analista político argentino Rosendo Fraga.

A Unasul se reúne hoje pela primeira vez com o presidente Barack Obama. No documento "Balanço Militar 2008", Fraga afirma que "no curto e médio prazos, a Venezuela tem intenções de comprar armamento. Se estas intenções forem concretizadas, a Venezuela passaria a ser um dos países mais poderosos da região, em termos de instrumentos militares".

Para o analista, "do ponto de vista político e ideológico, Chávez está criando um novo modelo, no qual as Forças Armadas passam a formar parte de um projeto político-estatal, que também inclui milícias armadas".

- Vemos algumas semelhanças com o modelo cubano. Também é importante dizer que a Bolívia está incorporando elementos deste modelo, embora ainda de forma muito tímida - assegurou Fraga ao GLOBO.

O Brasil é o país que mais gasta em defesa na região. De acordo com o centro argentino, no ano passado o orçamento brasileiro alcançou US$27,540 bilhões. No caso colombiano, a equipe de Fraga avalia que o aumento do orçamento militar está vinculado à "política governamental destinada a enfrentar um conflito armado (com a guerrilha). Por conta disso, o país passou a ocupar o segundo lugar no ranking de países que mais gastam em defesa no continente, abaixo do Brasil". Já o Chile ocupa o terceiro lugar, "com a peculiaridade de que seus recursos são usados especialmente para o aumento da capacidade operacional (das Forças Armadas), como parte de um processo de reequipamento".