Título: Outros bate-bocas
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 23/04/2009, O País, p. 8

De tempos em tempos, a sobriedade do Supremo Tribunal Federal (STF) vai por água abaixo diante de brigas entre ministros. O último grande bate-boca em cadeia nacional que teve como palco o plenário da Corte aconteceu em setembro de 2007, com os mesmos Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa na arena. O tema da discussão era sobre quem tinha mais condições de dar ¿lição de moral¿ no outro. O pano de fundo era a constitucionalidade de benefícios concedidos a servidores do estado de Minas Gerais com cargos de confiança.

Numa quarta-feira, com um ministro a menos na votação, o STF considerou os benefícios inconstitucionais.

Um dia depois, Gilmar pediu que o tema fosse votado novamente, com todos presentes. Joaquim Barbosa ficou indignado.

¿ Ministro Gilmar, me perdoe a palavra, mas isso é jeitinho.

Nós temos que acabar com isso ¿ disse Joaquim.

¿ Eu não vou responder a Vossa Excelência. Vossa Excelência não pode pensar que pode dar lição de moral aqui ¿ respondeu Gilmar.

¿ Não quero dar lição de moral ¿ retrucou Barbosa.

¿ Vossa Excelência não tem condições ¿ comentou Gilmar.

¿ E Vossa Excelência tem? ¿ questionou Joaquim Barbosa.

No ano passado, Eros Grau cortou relações com Marco Aurélio Mello. Num julgamento, Marco Aurélio, com o dedo em riste, pediu ao colega para não olhar para ele enquanto falava. Eros ficou irritado, deixou a sessão mais cedo e precisou de atendimento médico. Numa sala reservada, Eros xingou Marco Aurélio e insultou a honra da mãe do ministro. E anunciou que estavam de relações cortadas.

O agredido fingiu não ouvir o palavrão e continuou comendo uma fruta. Eros precisou ser segurado por colegas para não agredir fisicamente o rival.

Um mês depois, Eros enviou uma mensagem pelo computador a Joaquim Barbosa criticando uma decisão dele. Joaquim não gostou e, em uma sala privativa dos ministros, criticou uma decisão judicial de Eros. Foi a senha para um bate-boca.

¿ Tem gente dizendo que eu chamei o Eros de ¿caquético¿. É mentira, eu disse ¿patético¿ ¿ esclareceu, à época, Joaquim.

¿ O Joaquim Barbosa está querendo me bater ¿ disse Eros a um interlocutor.

Outro momento tenso aconteceu em 20 de outubro de 2004, quando Marco Aurélio e Joaquim discordaram durante um julgamento. Ao fim da sessão, Marco Aurélio chamou o colega para resolver a pendência do lado de fora do plenário, num duelo.