Título: Liminar do STJ dá liberdade a Bida
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 23/04/2009, O País, p. 8

Acusado de mandar matar Dorothy Stang havia voltado à cadeia em 9 de abril

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O pecuarista Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ter mandado matar a missionária americana Dorothy Stang em 2005, conseguiu liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dando a ele o direito de permanecer em liberdade até o fim do processo. O benefício foi concedido pelo ministro Arnaldo Esteves Lima. Ele ponderou que a prisão do réu foi ordenada com argumentos da época do crime, e não com base na realidade.

A missionária foi executada com três tiros em 12 de fevereiro de 2005, em um assentamento em Anapu, no Pará. Em maio de 2007, Bida foi condenado a 30 anos de prisão, mas a sentença foi anulada e, no novo julgamento, ele foi absolvido. A segunda condenação também foi anulada.

Com a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça do Pará, Bida, que estava em liberdade desde maio de 2008, voltou à cadeia em 9 de abril.

A decisão foi liminar e ainda pode ser mudada no julgamento de mérito, que será realizado pela Quinta Turma do STJ em data não marcada. Esteves Lima ponderou que, mesmo quando há um crime grave, os direitos do réu devem ser preservados.

Força Nacional ficará em Belém para reforçar segurança No Pará, os soldados da Força Nacional não devem ir ao interior do estado onde houve um conflito entre sem-terra e seguranças da Fazenda Espírito Santo.

Oito pessoas ficaram feridas em um confronto no último sábado.

Segundo o Ministério da Justiça, a tropa vai a Belém para reforçar a segurança na capital e permitir o deslocamento de policiais à área da fazenda.

A fazenda é da Agropecuária Santa Bárbara, que tem o banqueiro Daniel Dantas como um dos sócios. O clima continua tenso. Os sem-terra dizem que só vão deixar o local se houver pedido de reintegração de posse ¿ o que, segundo o governo do Pará, não aconteceu.

O depoimento dos jornalistas que presenciaram o confronto e teriam sido usados como escudo pelos sem-terra foi transferido para sexta-feira.

Victor Haor, repórter da TV Liberal, afiliada da Rede Globo, disse que estava fazendo reportagem sobre o sequestro de um caminhão da fazenda quando foi abordado pelos trabalhadores.

Segundo ele, os sem-terra os obrigaram a desligar as câmeras e a continuar andando na direção dos seguranças da fazenda.

¿ Eles nos colocaram na linha de frente da marcha soltando rojões e gritando palavras de ordem. Pularam uma cerca, abriram a porteira que dá acesso à sede e quebraram um carro.

Estavam com facões, foices e pedaços de madeira. Quando vimos os seguranças e percebemos que haveria um confronto, saímos correndo e conseguimos ficar fora do conflito.