Título: Investimento estrangeiro direto caiu à metade em março e somou US$ 1,4 bi
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 23/04/2009, Economia, p. 18

Remessas menores fazem déficit externo do país recuar no 1o- trimestre

BRASÍLIA. A forte desaceleração da economia derrubou o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil.Entre janeiro e março, o desempenho do indicador foi o pior desde o terceiro trimestre de 2006, com a entrada de US$ 5,342 bilhões, 40% menos do que em igual período de 2008. No mês passado, os recursos caíram à metade frente ao ano anterior, para US$ 1,444 bilhão. O Banco Central (BC), que compila os dados, esperava investimentos estrangeiros de US$ 2,5 bilhões.

Apesar do tropeço em março, o IED ¿ que integra a conta financeira do balanço de pagamentos ¿ continua sendo suficiente para financiar o déficit em transações correntes do país, por onde passam as operações de serviço e comércio com o exterior, como compra e venda de bens, remessas de lucros, gastos com viagens e pagamento de juros.

Em março, essa conta ficou deficitária em US$ 1,645 bilhão e foi beneficiada pela queda nas remessas de lucros e dividendos pelas multinacionais, abatidas pela crise internacional, que reduziu os ganhos. As transações correntes fecharam o primeiro trimestre no melhor nível desde 2007, apesar de ainda US$ 5,020 bilhões no vermelho.

Mercado de ações voltou a captar em março Segundo o chefe do departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, em março houve duas operações de empresas estrangeiras sendo vendidas no período, somando cerca de US$ 1 bilhão, que acabaram afetando o resultado global do IED.

¿ Não é desinvestimento, porque os resultados estão dentro das nossas expectativas (de US$ 25 bilhões para o ano todo) ¿ afirmou Lopes, lembrando que em abril, até ontem, o IED já estava em US$ 2 bilhões e deve fechar em US$ 2,3 bilhões.

Ainda na conta financeira, há uma boa notícia na rubrica de investimentos em mercado de ações e títulos. Pela primeira vez no ano, o Brasil voltou a captar mais recursos de fora do que perdeu. Em março, os investimentos estrangeiros em ações no país ficaram positivos em US$ 844 milhões, voltando ao azul pela primeira vez desde maio de 2008, quando o saldo líquido ficou positivo em US$ 1,518 bilhão.

Na conta corrente do balanço de pagamentos, o destaque foi a queda de 60% nas remessas de lucros e dividendos em março, sobre o mesmo período de 2008, para US$ 1,755 bilhão. Em abril, até ontem, somavam US$ 932 milhões. Para Lopes, do BC, esse movimento reflete o ¿nível de atividade mais baixo¿. Os gastos líquidos com viagens internacionais ficam negativos em US$ 124 milhões em março.