Título: Para entidades, tom do debate foi inadequado
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 24/04/2009, O País, p. 9

Episódio arranha a imagem do Judiciário, diz presidente da AMB.

BRASÍLIA. A troca de ofensas entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa provocou críticas no meio jurídico.

O presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), Mozart Valadares, lamentou o tom da discussão e disse que Joaquim usou palavras impróprias. Para Mozart, a nota do STF foi importante para restabelecer a idoneidade da Corte: ¿ Só tenho a lamentar o episódio, que arranha a imagem do Judiciário, principalmente devido aos termos usados. Não identifico no ministro Gilmar uma figura que manche a presidência da Corte. A linguagem que Joaquim usou não foi adequada.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, disse que a briga afeta a credibilidade do Judiciário: ¿ Se a sociedade não acredita no Judiciário, fica desestimulada na luta pela conquista de direitos e, descrente na Justiça, passa a praticar a vingança privada.

Se o Judiciário tem a função de promover e aplicar a Justiça, tem que ter credibilidade.

O bate-boca no STF provocou críticas dos participantes da 47aAssembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Indaiatuba (SP). O arcebispo de Rio Grande (RS), José Mário Stroeher, disse que há muitos erros no Judiciário: ¿ Os ministros têm que se desvestir da cor partidária, têm que trabalhar pela Justiça.

Alguns querem criminalizar os movimentos sociais. Isso não cabe a eles ¿ disse o arcebispo, que falou em nome da CNBB e citou como erro do Judiciário a decisão do STJ de libertar o fazendeiro apontado como mandante do assassinato da missionária americana Dorothy Stang.